sexta-feira, 10 de março de 2017

Terminal do Pecém pode ter obras interrompidas por atrasos de pagamentos do Governo do Ceará

         As obras da segunda fase de expansão do Porto do Pecém, com cerca de 83% de conclusão e orçadas em R$ 780 milhões, poderão ser interrompidas a partir da próxima segunda-feira (13). O problema são os atrasos de pagamentos do Governo do Estado do Ceará ao consórcio que é responsável pela execução.
         As informações foram repassadas por uma fonte do segmento. Segundo ela, o consórcio, composto pelas construtoras Marquise e Ivaí, realiza a obra com recursos próprios desde agosto de 2016, por conta da falta de repasses oriundos do Estado. Essa dívida atualmente estaria acumulada em mais de R$ 50 milhões.
         Caso o Governo do Estado do Ceará não liquide a pendência e não apresente até a próxima segunda-feira um planejamento financeiro que assegure a conclusão da obra, as atividades serão paralisadas.
         A ausência de solução para o impasse comprometeria a entrega das execuções do Porto dentro do prazo mais recente, que é dezembro deste ano.
Segunda fase
         As obras da segunda fase de expansão do Porto do Pecém executadas pelo consórcio Marquise/Ivaí incluem a construção de uma nova ponte de acesso ao quebra-mar, a engorda (alargamento) do quebra-mar e a construção de três novos berços de atracação (7, 8 e 9).
         Os dois primeiros berços já estão prontos e em utilização. O último deles está semiacabado. A ponte está com cerca de 50% de conclusão.
         A engorda do quebra-mar já está praticamente concluída, restando apenas etapa que se refere ao prolongamento até a nova ponte de acesso.
Impacto
         A fonte salienta que o atraso nas execuções de expansão do Porto afetaria diretamente os planos de produção da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).
         Hoje, a Siderúrgica utiliza a ponte já existente para escoar o que produz, em caminhões considerados menores do que o ideal. A ponte em construção possui especificidades para atender ao transporte das placas de aço fabricadas pela CSP.
         A postergação também prejudicaria as operações do Porto do Pecém. Os novos berços são fundamentais para impedir o aumento do congestionamento na atracação de navios no local.
Além disso, a paralisação traria incertezas aos empregos das cerca de 300 pessoas que trabalham na execução.
         A segunda fase de expansão do Porto do Pecém conta com recursos do Tesouro Estadual e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com dois berços de atracação, a obra estava orçada inicialmente em R$ 570 milhões.
         Entretanto, a inclusão de mais um berço e correções - a obra demorou quase dois anos até ser iniciada em 2014, pois aguardava licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) - fizeram com que o orçamento evoluísse para os R$ 780 milhões atuais.
         Segundo a fonte ouvida pelo Diário do Nordeste, ainda restam R$ 190 milhões para a conclusão da obra, dos quais R$ 54 milhões seriam financiados pelo BNDES, e o restante viria do Governo do Estado.
A fonte ainda afirma que o BNDES decidiu interrompeu repasses do financiamento no fim do ano passado a fim de aguarda que o Estado cumpra com suas contrapartidas financeiras.
Histórico
         De acordo com o apurado, o consórcio vem solicitando formalmente que o Governo do Estado regularize os repasses desde o mês de outubro. Em novembro, a dívida do Estado com as construtoras já ultrapassava os R$ 30 milhões, e o consórcio já sinalizava para a possibilidade de interromper as atividades a partir de janeiro deste ano, citando a possibilidade de férias coletivas aos trabalhadores da obra.
No fim de dezembro de 2016, quando o valor devido às construtoras já somava quase R$ 35 mil, a Seinfra teria solicitado a manutenção do ritmo das execuções.
          Naquele mês, entretanto, o BNDES teria informado que havia um desequilíbrio entre o valor que o banco destinava à obra e a contrapartida do Estado. A instituição financeira decidiu, então, aguardar que o Estado equilibrasse os aportes.
         Procurada, a Secretaria da Infraestrutura do Estado do Ceará (Seinfra), que responde pelo contrato das execuções, disse, em nota, em "que está em contato com o consórcio responsável pela obra de ampliação do Porto do Pecém e que a situação do débito deve ser resolvida até o fim deste mês". A pasta ainda afirma que "as obras não devem ser paralisadas".







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