segunda-feira, 27 de março de 2017

China, Chile e Egito voltam a comprar carne brasileira, exceto das unidades investigadas

         A reabertura do mercado chinês trouxe alívio aos produtores e ao governo, depois de uma semana marcada por sucessivos embargos à carne brasileira no exterior, provocados pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Principal importador de carne e derivados do Brasil, a China anunciou no sábado que voltará a comprar produtos brasileiros, exceto das 21 unidades investigadas pela PF. A expectativa agora é que o mesmo aconteça com Hong Kong, segundo maior parceiro comercial no setor.
         Além da China, Chile e Egito anunciaram no fim de semana que irão retomar as compras do Brasil, também excetuando apenas as unidades sob suspeita. "A decisão desses países foi muito importante para acalmar os demais mercados", avaliou o presidente da Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal), Francisco Turra.
         No ano passado, a China importou US$ 1,75 bilhão em carnes brasileiras. Para convencer os chineses a voltarem a comprar, o argumento foi a informação. Segundo o embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Caramuru, os chineses pediram detalhes de toda a operação policial para entender onde exatamente estava o problema.
         Com a retomada das compras pelo principal cliente, o risco de um agravamento do processo de paralisia na produção é reduzido. As vendas para os frigoríficos encerraram a última semana paralisadas, com um processo de estrangulamento em curso no sistema de armazenagem de carne. A JBS, uma das empresas citadas na operação, suspendeu por três dias os abates em 33 das 36 unidades de carne bovina no país.
         "A partir desta segunda-feira, os frigoríficos devem passar a restabelecer seu processo de produção para que possa ser dado continuidade aos contratos que foram paralisados com os bloqueios", projetou o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Antônio Camardelli. Mesmo com a reabertura de mercados, o receito agora é com relação à resistência de consumidores nesses países.
         "A reconquista da confiança não será automática, podendo gerar custos extras para o setor produtivo", calculou Turra. Ao longo desta semana, o ministro da Agricultura e Pecuária, Blairo Maggi, pretende reforçar o diálogo com os outros países e blocos que ainda mantém restrições aos produtos brasileiros.
         Na contramão de chineses, egipcíos e chilenos, autoridades suíças e da União Europeia ampliaram o embargo contra a carne brasileira neste domingo de quatro para 21 unidades citadas na Operação Carne Fraca, seguindo a mesma medida tomada pela maioria dos países com suspensão parcial. Essas plantas estão impedidas de exportar pelo governo brasileiro.

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