quinta-feira, 23 de março de 2017

VLI vai usar balsas em Tocantins para aumentar capacidade do seu terminal logístico

         A companhia de logística integrada VLI lança no próximo mês uma rota adicional para transporte de grãos na importante região agrícola do centro-norte que incluirá o uso de duas balsas para caminhões atravessarem o Rio Araguaia, visando elevar o uso da capacidade do seu terminal de Porto Nacional (TO) na ferrovia Norte-Sul.
         As balsas poderão encurtar a distância para os caminhões de grãos até a ferrovia Norte-Sul, que está conectada à Estrada de Ferro Carajás com destino aos portos exportadores de São Luís (MA). A partir da capital maranhense, o caminho é mais curto para produtos comprados por muitos clientes do Brasil na Ásia e a Europa.
         A inventiva inclusão de balsas para transporte de caminhões no corredor logístico do centro-norte do país ocorre em uma região ainda carente de rodovias para escoar a crescente produção agrícola, conforme constatação do Rally da Safra pelo Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), acompanhado pela Reuters nesta semana.
         A alternativa das balsas vem ainda com a VLI buscando fomentar demanda para um corredor logístico que demandou investimentos de 1,7 bilhão de reais em terminais, trechos ferroviários e vagões e locomotivas, entre outras obras.
         Com as balsas, a ideia é otimizar a capacidade de movimentação do terminal de Porto Nacional, de 2,6 milhões de toneladas/ano, que representa pouco mais de 10 por cento do total que a companhia pode movimentar em todo o país de produtos do agronegócio.
         "Tem a logística crescendo juntamente com a produção... Cria uma dinâmica de exportação extremamente eficiente, terminal, ferrovia e porto", afirmou à Reuters o gerente comercial de agricultura da VLI, Igor Figueiredo.
         A travessia de balsas, viabilizada por meio de parceria da VLI com o consórcio Brinave, poderá ser uma opção para regiões agrícolas com grande expectativa de aumento da área de soja e milho nos próximos anos, como o leste de Mato Grosso.
         "Ano de super safra para gente é muito animador", afirmou o executivo, lembrando que o Brasil já é competitivo dentro da porteira, enquanto iniciativas como as balsas contribuem para fortalecer o elo entre a produção e a exportação, reduzindo um pouco a dependência dos portos exportadores do Sul/Sudeste.
         A VLI, que tem entre seus sócios a mineradora Vale, Mitsui, FI-FGTS e a canadense Brookfield, não divulga custos de frete envolvidos no novo fluxo, que teriam que ser atraentes para puxar uma demanda extra.
         Uma das alternativas para quem usar a nova rota é levar a carga de grãos por caminhões do leste de Mato Grosso pela BR-158, seguindo para o extremo sul do Pará. Dali, os veículos acessam a PA-411 até a cidade de Caseara (TO). E lá embarcam nas balsas da Brinave, fazendo a travessia de cerca de quatro quilômetros entre as margens do rio Araguaia, para depois os veículos seguirem a Porto Nacional.
         Uma das balsas, a entrar em operação no início de abril, terá capacidade para transportar seis caminhões do tipo bi-trens, ou 2,3 mil toneladas/dia, considerando uma estimativa de 11 viagens. A outra embarcação, prevista para o final do próximo mês, poderá transportar oito caminhões rodo-trens, ou 4,4 mil toneladas/dia.
         Os aportes da VLI foram realizados em momento em que muitos dos clientes da empresa, como as tradings multinacionais, investem também em um outro corredor logístico ao norte do país, que começa com o transporte de grãos pela BR-163, que corta o Mato Grosso até o Pará.
         Essa rota, atingida recentemente por congestionamentos de caminhões gerados por atoleiros na rodovia federal, conta ainda com terminais fluviais que transferem as cargas para barcaças graneleiras, com destino aos portos exportadores, no Rio Amazonas.
         Na rota idealizada pela VLI, por sua vez, o trecho do transporte fluvial dos caminhões é curto e a viagem dura cerca de 40 minutos, com cada balsa saindo a cada 90 minutos.
Para receber essas cargas adicionais, Porto Nacional conta com três tombadores de caminhões, carregando 80 vagões em quatro horas e 30 minutos, em um investimento de 129 milhões de reais.
         Investimento semelhante, de 135 milhões de reais, também foi feito pela VLI no seu terminal em Palmeirante (TO), mais ao norte de Porto Nacional. No local, com capacidade de armazenagem de 90 mil toneladas de grãos (maior armazém do Tocantins), a movimentação anual projetada é de 3,4 milhões de toneladas.
         Os investimentos no corredor centro-norte pela VLI, que tem mais de 50 por cento de seu negócio voltado a cargas do agronegócio, somam-se a outros realizados pela empresa para elevar a capacidade de transporte do setor, como um novo terminal para grãos e açúcar no porto de Santos.
         Assim, a empresa está praticamente encerrando um ciclo de investimentos de 9 bilhões de reais entre 2013 a 2019, para gerar uma capacidade de transporte de 25 milhões de toneladas somente para o agronegócio do país. A companhia também opera os corredores ferroviários centro-sudeste (até Santos) e centro-leste (até Vitória).

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