A CMA CGM foi a última companhia marítima a ser vítima de um ataque dos Houthis no Mar Vermelho, confirmado depois de os rebeldes iemenitas terem indicado que a ação levada a cabo no dia 2 de janeiro foi dirigida contra o navio “CMA CGM Tage”. O Comando Central dos Estados Unidos (Centcom) afirmou que 2 mísseis balísticos antinavio foram disparados, mas que atingiram apenas a água.
O analista da indústria marítima, Lars Jensen, explicou que a “CMA CGM Tage” opera o serviço Bosphorus Express ('BEX') que liga a China aos portos de Singapura, Alexandria, Beirute e Trípoli (Líbano), Istambul, e Constanta (Roménia). “Ou seja, o serviço Ocean Alliance não contemplou escalas em Israel na sua rota habitual”, esclareceu.
Segundo Jensen, o “CMA CGM Tage” estava com o rastreador AIS ligado durante o trânsito na área de risco, ao contrário do modo habitual de operação do CMA CGM ao transitar na área. A Maersk mantinha um grupo de navios à espera ao sul do porto de Salalah (Omã) que se dirigiam para a Europa. Os dados do AIS mostram, conforme Jensen, que o grupo se dirige agora para sul para navegar pela África Austral. Em particular, a rota do “Mette Maersk”, acrescenta, mostra as mudanças de decisões ao leme do navio nas últimas 2 semanas.
“Inicialmente dirigiu-se para África, depois redirecionou-se para o Mar Vermelho, fez meia-volta no Mar Vermelho, esperou a sul de Salalah e agora dirigiu-se novamente para África”, detalha Jensen, destacando a constante evolução dos acontecimentos no mar Vermelho. Relativamente ao grupo de navios que a Maersk mantém na zona, Jensen frisa que este aguarda dentro do Mar Vermelho e ainda não começou a movimentar-se, enquanto o “Maersk Atlanta”, pertencente ao registro de navios dos EUA, desligou o AIS após entrando no Mar Vermelho.
Já a Hapag-Loyd anunciou um novo serviço de transporte com uma frequência de serviço de 10 dias para os portos de Tânger, Damietta e Jeddah para servir o Mar Vermelho. Enquanto os portos de Aqaba e Porto Sudão são servidos por um alimentador de Jeddah. Isto faz de Tânger, no Estreito de Gibraltar, um importante centro de transbordo de carga do Mar Vermelho. A ONE anunciou um novo serviço do Oceano Índico para o Mediterrâneo em toda a África, conectando a Índia a uma série de portos importantes em todo o Mediterrâneo.
Wan Hai, Hapag-Lloyd, ONE e Yang Ming, parceiros no serviço ‘AR1’ da Ásia ao Mar Vermelho, “não conseguem alinhar-se num plano de ação”, observa Jensen. Enquanto isso, a Hapag-Lloyd afirma que está avaliando a situação com seus parceiros. O “Wan Hai 613” fez uma breve escala em Salalah, mas agora está novamente à espera no sul de Omã, perfazendo um total de 18 dias de espera naquela zona até agora.
O próximo navio, “Ponte de San Diego”, aguarda no Estreito de Malaca, enquanto o “YM Mutuality” navega em direção ao Cabo da Boa Esperança. Hoje, uma coligação de 12 países alertou os Houthis sobre as consequências se os ataques continuarem. Para Jensen, “tal afirmação não é surpreendente”, mas destaca que “podemos estar perto de ver uma ação militar contra alvos terrestres no Iémen”.
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