quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Desvios de rotas marítimas geram preocupação pelo aumento das emissões de carbono


As companhias de navegação, em meio às crescentes tensões geopolíticas e aos problemas climáticos em nível global, buscam alternativas para as dificuldades presentes no cenário atual. Neste contexto, os navios que tradicionalmente seguiriam rotas diretas estão optando por desvios mais longos, com consequências tanto em termos de tempo como de emissões de carbono.

Os navios que partem do porto chinês de Xangai com destino a Nova Iorque, por exemplo, estão fazendo escala em Los Angeles e atravessando os Estados Unidos de caminhão. Da mesma forma, os que normalmente navegam pelo Canal de Suez na rota Europa-Ásia estão desviando da África.

Estas alternativas, além de serem mais lentas e caras, representam um aumento considerável nas emissões de carbono. Jacob Armstrong, chefe de política marítima da organização Transport & Environment, com sede em Bruxelas, calculou o impacto ambiental destes desvios.

Tomando como exemplo o “Al Zubara”, que normalmente passa pelo Canal de Suez de Roterdão até à China, deverá emitir 2.519 toneladas (t) adicionais de CO2 ao desviar pela África do Sul, totalizando 10.360 t. Na rota normal através de Suez emitiria 7.841 t de CO2. E não se trata apenas de “Al Zubara”, dada a interrupção do comércio global e o desvio de 95% do tráfego pelo Canal de Suez (considerando uma média de 68 trânsitos diários pela rota), estima-se que poderá haver haverá um aumento por cada dia de duração do conflito de 162.727 t de emissões de CO2, comparável às emissões de uma central eléctrica a gás natural em cinco meses.

O problema é a velocidade No entanto, alguns especialistas, como Jean-Paul Rodrigue, professor de gestão de negócios marítimos na Texas A&M University-Galveston, afirmam que este desvio teria um impacto climático marginal em comparação com outras fontes importantes de emissões. Apesar disso, cada tonelada de emissões conta, especialmente num contexto em que alterações climáticas inesperadas afectam o transporte global, como a seca em importantes rotas fluviais.

O impacto climático dos desvios também está relacionado com a velocidade do transporte marítimo. Armstrong sugere que se as companhias marítimas reduzissem a sua velocidade em 10%, as emissões totais do setor poderiam diminuir até 30%, o que seria uma melhoria significativa considerando que o transporte marítimo é responsável por 2% das emissões globais.

A velocidade dos transportes, segundo Armstrong, apresenta-se como a maior ameaça ao impacto climático, e a redução da velocidade surge como uma medida simples mas eficaz para mitigar esse impacto. Continuando no tema velocidade, comenta ainda que a indústria poderia começar a considerar a redução da velocidade de navegação assim que os Canais Marítimos voltassem a operar normalmente, com base no fato de que os atuais desvios teriam pouco impacto no consumidor final dos produtos mobilizado.

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