quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Canal do Panamá promete ser hub intermodal e corredor logístico na próxima década


 

A Autoridade do Canal do Panamá anunciou, nessa semana, na conferência Visão para o Futuro", o seu Plano Estratégico 2025-2035, que estabelece o roteiro para os próximos dez anos da hidrovia interoceânica. O evento contou com a presença de José Ramón Icaza, ministro de Assuntos do Canal e Presidente do Conselho de Administração da ACP; Ricaurte Vásquez, administrador da entidade; e Ilya Espino de Marotta, administrador adjunto do Canal.

O Ministro Icaza enfatizou a importância da preservação e modernização do Canal do Panamá, que comemorou 25 anos sob administração panamenha: “Hoje é um dia importante para o futuro do Canal do Panamá. Todos reconhecemos seu valor, cimentado pelas lutas históricas de muitas gerações e pelos esforços de todos nós que o tornamos grandioso hoje. Estamos aqui para apresentar o Plano Estratégico 2025-2035, um plano que guiará a evolução do Canal nos próximos 10 anos e garantirá que ele continue sendo líder em conectividade global e um impulsionador do progresso do Panamá”, observou.

O plano inclui quatro iniciativas principais: Otimização do negócio principal, com foco no fortalecimento das operações e na maximização da eficiência sem comprometer a segurança. Desenvolvimento de um hub intermodal de contêineres, para melhorar a conectividade entre continentes e consolidar o Canal como um hub logístico global. Implementação de um gasoduto para o transporte de gás liquefeito de petróleo (GLP), para diversificar as receitas e aumentar a flexibilidade do trânsito. Criação de um ecossistema logístico integrado, combinando o hub intermodal e o gasoduto, estabelecendo um centro de serviços ao redor do Canal. Contexto Global e Instabilidade Comercial.

O Administrador Ricaurte Vásquez abordou os desafios que o Canal enfrenta diante da incerteza dos mercados internacionais: “No início deste século, a globalização oferecia um ambiente mais estável, mas hoje esse padrão está sendo desafiado por conflitos comerciais e políticos. A volatilidade do mercado torna imprevisível o que acontecerá amanhã, e isso nos afeta diretamente”, explicou.

Vásquez destacou que o segmento de transporte de contêineres representa quase 45% da receita do Canal, mas que as mudanças nas cadeias de suprimentos têm um impacto imediato em seu desempenho. “Este ano, vimos um aumento inicial nos embarques da Ásia para os Estados Unidos devido à expectativa de novas tarifas, mas isso não significa que isso se repetirá no próximo ano. Quando os estoques se acumulam, pode haver uma redução no tráfego”, disse ele.

Nesse cenário, a ACP incorporou novas ferramentas para gerenciar capacidade e demanda: “Precisamos otimizar a capacidade operacional e fizemos isso com inteligência artificial, modelos e análises. Criamos leilões e estruturas tarifárias dinâmicas que respondem à demanda do mercado. Isso nos permitiu gerar uma proposta de valor diferenciada”, afirmou. Desenvolvimento Energético Vásquez também discutiu a importância do corredor energético, vinculado ao transporte de gases como propano, butano e etano.

Ele observou que mais de 90% das exportações desses produtos dos Estados Unidos para a Ásia transitam pelo Canal e que há forte crescimento previsto para os próximos anos. Para atender a essa demanda, a ACP analisa a construção de um sistema de gasodutos de aproximadamente 76 quilômetros entre o Atlântico e o Pacífico, com tanques de armazenamento separados para cada tipo de gás. Segurança Hídrica: Projeto Río Indio.

A administradora adjunto do Canal, Ilya Espino de Marotta, apresentou os avanços na gestão da água, uma questão crítica para as operações e para o abastecimento da população. Ressaltou que o consumo de água potável aumentou 19% entre 2006 e 2024 e que mais de dois milhões de habitantes dependem dos lagos que também alimentam o Canal.

Ela enfatizou a importância do projeto Río Indio, que visa criar um novo reservatório com capacidade equivalente a 11 a 15 eclusas por dia. “A previsão é de que o consumo da população chegue a 11 eclusas por dia quando duas usinas em construção e a expansão de Mendoza entrarem em operação. O Río Indio nos permitirá cobrir esse consumo e abrir espaço para aumentar o transporte”, explicou.

A Administradora Adjunta também alertou sobre o aumento da frequência de anos secos na última década, o que exigiu limites de calado ou a redução dos transportes diários em diversas ocasiões para proteger o abastecimento de água potável. Competitividade e Sustentabilidade a Longo Prazo Com o Plano Estratégico 2025-2035, a ACP busca equilibrar a segurança hídrica, a diversificação de receitas e a inovação tecnológica com o objetivo de manter a competitividade do Canal em um ambiente internacional em constante mudança. “O Canal do Panamá é o nosso principal objetivo.”

 

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