O acordo
de leniência firmado entre governo federal e Grupo Ecovix recolocou a
companhia, dona do maior estaleiro do polo naval gaúcho, na disputa por
licitações públicas, conforme anúncio feito nesta quarta-feira, 4, pela empresa.
Assinado em novembro, o contrato foi considerado fundamental na aceleração das
atividades em Rio Grande, hoje resumidas à manutenção da infraestrutura e
remoção de mais de 100 mil toneladas de sucata metálica que dariam origem às
plataformas P-71 e P-72.
As peças que sobraram — devido a suspensão
contratual imposta pela Petrobras em 2016 — foram leiloadas e estão sendo
cortadas e retiradas do estaleiro para deixá-lo apto a receber novas demandas. O
trabalho deve se estender até metade do ano que vem e garantir emprego, até lá,
dos atuais 200 funcionários. Em 2013, no auge da produção, a Ecovix chegou a
empregar 10 mil pessoas, todas empenhadas em entregar oito plataformas de
petróleo encomendadas pela Petrobras. Cinco delas foram concluídas, duas
viraram sucatas — P-71 e P-72 — e uma sequer começou a ganhar forma.
— Estamos trabalhando em diversas
frentes para recuperar a companhia e uma delas é a retomada da construção
naval. Temos acompanhado o mercado, mas, efetivamente, continua muito frio no
Brasil. A gente vem mantendo a instalação em condições de operar. Se tivéssemos
um contrato, poderíamos voltar a construir imediatamente — explica o diretor
operacional da Ecovix, Ricardo Ávila.
Enquanto os investidores não aparecem, a estrutura
vai sendo rentabilizada com demandas menores. Nos últimos dois meses, a Ecovix
assumiu o conserto e manutenção de duas embarcações. Ainda que subutilizado, o
estaleiro movimentou cerca de R$ 1 milhão em novembro. Voltar a empregar 10 mil
funcionários é considerado utópico pela a direção da Ecovix. A previsão é de,
com bons contratos, conseguir contratar em torno de 1,5 mil funcionários.
— Nossos índices de produção foram
melhorando ao longo dos anos e a necessidade de mão de obra diminuiu. Numa
eventual retomada, ainda que tivéssemos contratos como aqueles, a demanda de
funcionários seria inferior — diz.
O plano de recuperação judicial da
Ecovix foi homologado pela Justiça em agosto do ano passado. A dívida somava
cerca de R$ 7,8 bilhões, mas, em assembleia, os credores aceitaram reduzir o
valor para em torno de R$ 3,7 bilhões, de acordo com informações divulgadas por
representantes da empresa à época.
O polo naval ainda engloba os
estaleiros da QGI, também em Rio Grande, e o EBR, em São José do Norte. No auge
do setor na região, em 2013, os complexos chegaram a empregar 24 mil
funcionários diretos, conforme o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias
Metalúrgicas de Rio Grande e São José do Norte.
Entre os fatores que contribuíram
para a crise da Ecovix estão a corrupção revelada pela Operação Lava-Jato – a
Engevix (sócia da Ecovix) chegou a ter um dos sócios preso preventivamente –, a
crise política e econômica do país e a queda no preço do petróleo na época. A
Petrobras cancelou contratos com a Ecovix para montagem de plataformas de
petróleo. Na mesma semana em que foi pedida a recuperação judicial pela
empresa, em dezembro de 2016, houve demissão de mais de 3 mil funcionários que
trabalhavam em estaleiros no porto de Rio Grande. (Fonte: Zero Hora)
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