domingo, 26 de outubro de 2014

Eleitores brasileiros escolhem a estagnação econômica

Os brasileiros elegeram Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, para mais um mandato de quatro anos na presidência da Republica, com um percentual de quase 52% dos votos contra pouco mais de 48% dados a Aécio Neves (PSDB). A decisão representou uma escolha provavelmente inédita na política mundial, pelo crédito depositado pelos eleitores na comandante de uma gestão que vai fechar o ano dentro de dois meses amargando "crescimento" econômico em torno de 0,25% e que nos seus quatro anos no cargo liderou um país sempre em expansão abaixo da metade dos índices registrados no mundo e cerca de um terço menor em relação às nações que mais avançaram. A comparação é desfavorável mesmo olhando para os vizinhos que, exceção à Argentina, apresentaram percentuais de desenvolvimento em média o dobro do brasileiro nos últimos quatro anos. Quando a The Economist, no início de 2009, elogiou o governo do então presidente Luís Inácio Lula da Silva por surfar sobre a nascente crise financeira internacional, a publicação mereceu entusiasmados aplausos de representantes do Palácio do Planalto. Na realidade, o país, naquele momento, tinha gorduras acumuladas por uma década de forte crescimento da economia global e um consequente aumento no consumo de alimentos, que beneficiou as exportações brasileiras de grãos, carnes e minérios.  A mesma revista, há pouco, criticou o executivo brasileiro por não ter aproveitado a onda, então favorável, jocosamente apelidada por Lula de "uma marolinha", e ter, ao menos, deflagrado, uma estratégia que criasse no país as condições necessárias para um desenvolvimento efetivo e sustentável, fazendo investimentos que atacassem os eternos flagelos na infraestrutura, educação, saúde, segurança e transporte que, historicamente, impediram que o Brasil, de fato, deixasse de seguir a rotina de comemorar vitórias de Pirro, logo substituídas pela frustração exibida pela dura realidade. A reação dos próceres petistas e seus aliados foi visceralmente oposta, não faltando, entre eles, inclusive quem atribuísse à The Economist o papel de arauto do neoliberalismo internacional. Estranho método de interpretação: o país antes era eficiente não por eventual benefício da conjuntura externa e sim pela sua competência administrativa, segundo seus líderes e agora é prejudicado pelo contexto mundial, ainda que outros países, embora localizados no mesmo planeta, venham conseguindo desempenhos positivos. Bem, voltando aos números: goste-se ou não dos organismos que analisam os dados referentes à economia, o fato é que o mundo chegará ao final de 2014 ostentando crescimento acima de 3%. Entre as chamadas nações emergentes ou em desenvolvimento, categoria na qual o Brasil se enquadra, a expansão alcançará 4,5% (neste grupo estão Peru, Colômbia, Uruguai, Paraguai e, pasmem cidadãos deste gigante adormecido, até a Bolívia). Abaixo de 1%, patamar que, aliás, caracteriza recessão, estão países muito ricos, capazes de navegar longos períodos por mares adversos e alguns estados de terceiro escalão que tradicionalmente vivem na contramão da história.

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