Mesmo com ações militares dos EUA e RU ataques houthis no Mar Vermelho seguem impactando no custo do transporte

Apesar das avaliações indicarem que as ações militares dos EUA e do Reino Unido degradaram  as capacidades de ação dos Houthis, os ataques no Mar Vermelho – incluindo um ataque com mísseis ao “Rubymar” que resultou num derrame de petróleo e no seu subsequente naufrágio – continuaram. A Comissão Marítima Federal norte-americana (FMC) está considerando a implementação de sanções marítimas ao Iêmen como uma medida adicional, ao mesmo tempo que para os navios que ainda transitam no Mar Vermelho, os prêmios de seguro seguem aumentando.

De acordo com o Baltic Freightos Index (FBX), as taxas à vista permaneceram praticamente estáveis ​​na semana passada, durante o final do período de férias do Ano Novo Lunar, e os desvios do Mar Vermelho as mantêm elevadas, “embora tenham começado a cair desde os seus máximos”, diz a chefe de pesquisa da FBX, Judah Levine. As taxas à vista Ásia - Norte da Europa atingiram US$ 4.553/FEU, uma queda de 17% em relação ao seu pico em meados de janeiro, e as taxas à vista Ásia - Mediterrâneo de US$ 5.224/FEU estão 23% mais baixas do que há um mês.

As taxas da Ásia para a América do Norte também começaram a diminuir ligeiramente. Embora os atrasos pós-Ano Novo Lunar possam manter as taxas à vista elevadas por enquanto, é provável que diminuam em relação aos níveis atuais, à medida que o transporte marítimo entra na sua época lenta nas próximas semanas.

Embora as taxas à vista ainda devam permanecer acima dos níveis normais, à medida que os desvios em torno da África Austral continuam e as companhias marítimas transferem os custos mais elevados para os seus clientes, o Conselho Europeu de Transportadores (ESC) estima que as taxas marítimas e sobretaxas para desvios no Mar Vermelho são muito superiores a estes custos aumentados enfrentados pelas companhias marítimas.

A agência estimou que 200 euros (216 dólares) por TEU cobririam os custos operacionais adicionais de desvio de navios na África Austral, enquanto as companhias marítimas cobraram sobretaxas de emergência de até 1.000 euros por contêiner. “Na nossa opinião, as sobretaxas deveriam cobrir apenas eventos inesperados e, embora se trate de um evento inesperado, não devem ser maximizadas”, disse Godfried Smit, secretário-geral do ESC.

Esta avaliação, segundo Judah Levine, juntamente com a perspetiva pessimista para os volumes dos oceanos europeus este ano, também aponta para a probabilidade de as taxas caírem em relação aos níveis atuais. Segundo o analista, o impacto dos desvios na capacidade, disponibilidade de equipamentos e tarifas spot para rotas fora do Mar Vermelho também pode ter atingido o pico. As taxas spot na rota transatlântica aumentaram 54% desde meados de dezembro, para US$ 1.862/FEU há duas semanas. No entanto, as companhias marítimas podem não esperar que desvios e condições de mercado permitam um aumento muito maior das taxas, uma vez que algumas estão adiando sobretaxas adicionais planejadas.

Quanto às taxas de longo prazo, as perspectivas do Xeneta Shipping Index (XSI), que mede as taxas marítimas de longo prazo e registrou o seu maior aumento global em 18 meses, poucos dias antes de muitos importadores dos EUA, é que comecem a ser negociados novos contratos. Isto seria, em grande parte, pelo fato de as sobretaxas relacionadas com os desvios no Mar Vermelho serem adicionadas aos contratos de longo prazo existentes, especialmente nas rotas entre a Ásia e a Europa.

Segundo a Xeneta, nas negociações contratuais com importadores norte-americanos, as companhias marítimas poderiam ter como objetivo aumentar o XSI global (+4,3%), além de um aumento de 180% no mercado spot na rota Transpacífica desde meados de dezembro. Na carga aérea, embora as tarifas da Ásia e do Médio Oriente estivessem estáveis ​​ou em declínio na maioria das rotas na semana passada, os dados do Freightos Air Index (FAX) mostram que as tarifas entre a China e a América do Norte recuperaram para 4,80 dólares/kg, aproximadamente seu nível em meados de janeiro. Este aumento pode refletir algum aumento na procura de remessas que não foram movimentadas antes do Ano Novo Lunar.