quinta-feira, 20 de julho de 2023

OMC pede que segurança alimentar não se converta em mais uma vítima da guerra na Ucrânica

A Organização Mundial do Comércio (OMC) compartilhou o pesar, a decepção e a preocupação expressas pelo secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, com a decisão da Rússia de encerrar a Iniciativa de Grãos do Mar Negro a partir de 18 de julho. "A segurança alimentar mundial não deve se tornar uma vítima da guerra", disse a agência em um comunicado. No entanto, o risco para o abastecimento global de grãos ficou evidente após a confirmação dos ataques de mísseis russos à infraestrutura do porto de Odesa.

Apesar das boas intenções da OMC, a Rússia, após sua saída da Iniciativa, realizou extensos ataques aéreos noturnos na cidade portuária de Odessa em 18 e 19 de julho, que, segundo as autoridades ucranianas, visavam "destruir a possibilidade de embarque de grãos ucranianos de seus portos”, segundo a Reuters. Nos ataques, segundo o comando militar ucraniano, foram utilizados mísseis supersônicos, atingindo um terminal de grãos e petróleo, danificando tanques e equipamentos de carga, gerando um incêndio no porto e em um armazém comercial nos arredores de Odessa.

Vale ressaltar que os três terminais de Odesa foram os únicos que permaneceram operacionais na Ucrânia durante a guerra. Segundo a OMC, a Ucrânia e a Federação Russa são os principais fornecedores de alimentos, rações e fertilizantes para os mercados internacionais, destacando que "as pessoas em países pobres que lutam contra a inflação dos preços de alimentos e energia serão as mais afetadas com o fim da iniciativa: os preços das entregas futuras de trigo e milho já estão subindo. Portanto, todas as partes devem fazer todo o possível para voltar à mesa de negociações,"pediu a OMC em comunicado.

O país euro-asiático, depois de anunciar o fim da iniciativa da qual também participam a Ucrânia, a Turquia e as Nações Unidas, argumentou que as promessas de liberar seus próprios carregamentos de alimentos e fertilizantes não foram cumpridas. A medida, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, implica o fim das garantias de segurança para o transporte marítimo, o fim de um corredor humanitário marítimo e a dissolução do Centro Conjunto de Coordenação na foz do Mar Negro, em Istambul, criado para monitorar a implementação do acordo.

Deve-se lembrar que a Iniciativa pretendia aliviar uma crise alimentar global, permitindo que os grãos ucranianos bloqueados pela guerra Rússia-Ucrânia fossem exportados com segurança. Em troca, a Rússia recebeu ajuda com suas exportações de alimentos e fertilizantes. No entanto, do ponto de vista russo, nenhum dos requisitos exigidos foi atendido. Isso inclui a retomada das exportações de amônia por meio de um oleoduto que vai da Rússia ao porto ucraniano de Odessa e a reconexão de seu banco agrícola estatal Rosselkhozbank ao sistema de pagamentos internacionais SWIFT. De qualquer forma, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, deixou aberta uma janela para uma possível reintegração da Rússia à iniciativa: "assim que as condições russas parte dos acordos forem atendidas, a Rússia retornará à sua implementação imediatamente".

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