quinta-feira, 10 de abril de 2025

Políticas tarifárias de Trump desaceleram reservas no transporte marítmo de contêineres


 

As novas tarifas aprovadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, já estão revelando seu impacto inicial na economia global e no setor marítimo. As mais altas, que afetam 60 de seus parceiros comerciais, incluem um aumento de 25% em produtos de diversas economias e uma taxa que chega a incríveis 104% em produtos chineses. Esse número foi alcançado depois que a China decidiu equiparar o aumento tarifário de 34%, que foi adicionado aos 20% anteriores às importações chinesas para os Estados Unidos.

A medida levou Trump a responder com mais 50%. A escalada, é claro, gerou uma reação adversa nos mercados e causou incerteza. Um dos efeitos já produzidos pela escalada tarifária pode ser inferido pela plataforma Tradeview desenvolvida pela Vizion, que monitora, mede e analisa os fluxos de comércio de contêineres marítimos em tempo real. De acordo com essa ferramenta, as reservas de importação de contêineres dos Estados Unidos atingiram 169.000 TEUs nos últimos sete dias, em comparação com 516.000 TEUs na semana anterior.

Quando filtrado pela China como ponto de origem, o número cai para 54.000 TEUs, em comparação com 148.000 TEUs na semana anterior. Enquanto isso, as reservas de exportação dos Estados Unidos nos últimos sete dias atingiram 83.000 TEUs, em comparação com 139.000 TEUs na semana anterior. Quando filtrado para a China como destino, o número cai para 4.400 TEUs, em comparação com 8.000 TEUs na semana anterior.

O que está acontecendo globalmente? A resposta da plataforma é muito semelhante, com pouco mais de 2,1 milhões de TEUs reservados de 24 a 31 de março. Enquanto nos últimos sete dias, apenas 1,09 milhão de TEUs foram reservados. Isso representaria uma redução de 48% em comparação à semana anterior. Apesar da resposta firme de Pequim às medidas dos EUA, as empresas exportadoras chinesas começaram a relatar dificuldades diretas decorrentes das tarifas. Fabricantes de bens de consumo, operando com margens estreitas, estão alertando sobre perdas e a necessidade de ajustar preços.

Algumas empresas, como a de logística Ningbo Gangzetong, relatam que seus preços cotados anteriormente se tornaram inválidos, pois não conseguem mais absorver o custo das tarifas. Os setores imobiliário industrial e de logística dos EUA também sofrem O aumento de tarifas também teve um efeito dominó no setor imobiliário industrial dos EUA. Durante os anos de expansão do comércio global, áreas costeiras como Los Angeles, Houston e Savannah se tornaram centros importantes de armazenagem e distribuição. No entanto, a política tarifária ameaça reverter essa tendência.

Especialistas preveem que uma redução sustentada no comércio exterior afetará os níveis de ocupação e desenvolvimento nessas regiões portuárias, o que pode repercutir nas economias locais que dependem da atividade logística. Algumas empresas já estão explorando alternativas para mitigar o impacto, incluindo a realocação de operações para países com menos barreiras tarifárias ou a busca de mercados fora dos Estados Unidos. No entanto, segundo analistas, essas mudanças levarão anos para serem consolidadas.

Embora regiões como Arizona, Geórgia, Illinois e áreas próximas à fronteira mexicana possam se beneficiar da mudança da produção para o interior, o processo de adaptação será lento. Paralelamente, incorporadoras imobiliárias na Europa e na Ásia estão avaliando projetos de expansão para lidar com potenciais desvios comerciais. A escassez de suprimentos nessas regiões pode impulsionar novos investimentos em infraestrutura logística.

Em uma tentativa de mitigar o impacto global das políticas comerciais, os governos aliados aos EUA estão buscando iniciar negociações. Destaca-se o andamento das negociações com a Coreia do Sul, que enviou sua equipe de negociação a Washington. O Japão também foi incluído na lista de prioridades, com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, observando que Tóquio estará no topo da agenda comercial. Além disso, é esperada uma visita da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, com o objetivo de garantir reduções tarifárias para seu país.

De acordo com o diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, Trump instruiu que as negociações se concentrem primeiro nas "nações amigas", adiando qualquer diálogo direto com a China. O governo Trump agora enfrenta um equilíbrio delicado: manter sua postura protecionista sem desestabilizar completamente o comércio internacional ou prejudicar a economia doméstica. (imagem do Porto de Long Beach)

Segunda audiência pública sobre concessão da Hidrovia do Rio Paraguai acontece hoje

 

A segunda audiência pública híbrida (virtual e presencial) para discutir o aprimoramento dos documentos e da modelagem proposta para a concessão da Hidrovia do Rio Paraguai acontece nessa quinta-feira (10), a partir das 9h.

A sessão pública, que tem como objetivo ouvir as contribuições da sociedade local, será realizada no Centro de Convenções do Pantanal de Corumbá Miguel Gómez, em Corumbá (MS). A primeira audiência também foi híbrida e aconteceu no dia 6 de fevereiro de 2025, na sede da ANTAQ, em Brasília (DF).

O projeto de concessão da Hidrovia do Rio Paraguai representa um marco histórico, pois é a primeira concessão de hidrovia no Brasil a ser debatida em audiência pública. A licitação visa não apenas aumentar a eficiência logística, mas também reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Dinâmica da audiência

Toda a sessão presencial será transmitida pelo canal da ANTAQ no Youtube. Para assistir a audiência não é necessário fazer inscrição, no entanto, quem pretende contribuir virtualmente pela plataforma Teams deve se inscrever pelo aplicativo de mensagens “Whatsapp” no número (61) 2029-6940 das 9h00 às 15h00 do dia 9 de abril de 2025. Por sua vez, os interessados em se manifestar presencialmente deverão se inscrever no local do evento no dia 10 de abril de 2025, das 8h00 às 9h30.

A documentação completa, incluindo minutas jurídicas relativas àAudiência Pública nº 18/2024, está disponível neste link. O prazo para as contribuições foi finalizado no dia 10 de março de 2025.

Sobre a concessão

A Hidrovia do Rio Paraguai compreende o trecho entre Corumbá (MS) e a Foz do Rio Apa, localizada no município de Porto Murtinho (MS), e o leito do Canal do Tamengo, no trecho compreendido no município de Corumbá. A extensão total do projeto é de 600 km.

Nos primeiros cinco anos de concessão, serão realizados serviços de dragagem, derrocagem, balizamento e sinalização adequados, construção de galpão industrial, aquisição de draga, monitoramento hidrológico e levantamentos hidrográficos, melhorias em travessias e pontos de desmembramento de comboio, implantação dos sistemas de gestão do tráfego hidroviário, incluindo Vessel Traffic Service (VTS) e River Information Service (RIS), além dos serviços de inteligência fluvial.

Essas melhorias vão garantir segurança e confiabilidade da navegação. O investimento direto estimado nesses primeiros anos é de R$ 63,8 milhões. O prazo contratual da concessão é de 15 anos, com possibilidade de prorrogação por igual período.

 

Porto do Rio de Janeiro amplia calado para 15,3 metros e aumenta capacidade operacional

 

A Capitania dos Portos do Rio de Janeiro homologou nessa semana a conclusão da obra de dragagem do Canal Principal do Porto do Rio de Janeiro, um marco relevante para o setor portuário nacional. Com um investimento de R$ 163 milhões, a PortosRio elevou a profundidade mínima do canal de acesso de 15 metros para 16,2 metros, permitindo um aumento efetivo do calado operacional para 15,30 metros.

A ampliação do calado possibilita que os dois terminais de contêineres do Porto do Rio de Janeiro - Rio Brasil Terminal e MultiRio - operem navios com maior volume de carga, resultando em um acréscimo estimado de até 700 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) por embarcação. Além disso, a nova profundidade viabiliza a navegação de navios de grande porte, como os da classe New Panamax, com 366 metros de comprimento e capacidade para aproximadamente 15 mil TEUs.

“Estamos comprometidos em modernizar e ampliar a infraestrutura do Porto do Rio de Janeiro, garantindo que ele continue sendo um dos principais polos de comércio internacional do Brasil. São investimentos essenciais para aumentar a competitividade do porto e apoiar o crescimento econômico da região e do país”, afirmou Francisco Martins, diretor-presidente da PortosRio.

Além da dragagem, a atualização dos sinais náuticos permitirá que manobras de embarcações com comprimento entre 349 e 366 metros sejam realizadas com segurança, ampliando ainda mais a atratividade do porto para grandes armadores internacionais. Essas mudanças consolidam o Porto do Rio de Janeiro como um dos principais hubs logísticos do país, preparado para as crescentes demandas do comércio marítimo global.