segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Produtos básicos representam quase metade das exportações brasileiras em 2017

         O saldo recorde de US$ 67 bilhões da balança comercial brasileira em 2017 foi possível principalmente pelo aumento nas exportações de produtos básicos, sem acabamento ou tecnologia envolvida, como minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas.
         Segundo números do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as vendas de produtos básicos ao exterior saltaram de US$ 79,15 bilhões em 2016 para US$ 101 bilhões em 2017, alta de 28,7%.
         As exportações de produtos manufaturados (industrializados, que possuem maior valor agregado e que geram mais empregos na fabricação) também aumentaram, mas bem menos: de US$ 73,92 bilhões para US$ 80,25 bilhões, alta de 9,4%.
         Como consequência, a participação dos produtos básicos no total das exportações brasileiras atingiu 46,4%, o maior percentual dos últimos três anos. Já a dos manufaturados foi em 2017 a menor dos últimos três anos: 36,9% do total.
         O secretário de Comércio Exterior do MDIC, Abrão Neto, explica que o aumento da participação de produtos básicos no total das vendas externas em 2017 está relacionado com a safra recorde de grãos e, também, com o aumento dos preços das "commodities" minerais, como petróleo e minério de ferro.
         Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Carlos Portella, seria importante para o Brasil aumentar a exportação de produtos manufaturados porque isso geraria benefícios como criação de mais empregos e maior retorno financeiro para os exportadores.
         "Para cada 100 contêineres de algum produto básico, a gente poderia exportar 20 contêineres de manufaturado a um preço melhor. Mais valor do produto gera uma maior receita para o país, gera mais emprego, o PIB sobe mais", declarou.
         De acordo com o executivo da AEB, o fato de o Brasil exportar menos produtos manufaturados do que básicos contribui para que o país tenha representatividade baixa no comércio internacional.
         Em 2015, último dado disponível, segundo números compilados pela Organização Mundial de Comércio (OMC), as vendas externas brasileiras representaram 1,2% do total das exportações mundiais, e país ficou em 25º lugar.
         No mesmo ano, os Estados Unidos abocanharam 9,4% das vendas externas globais, a China ficou com 14,2%, a Alemanha com 8,3%, a Holanda com 3,5%, a França com 3,2%, o Reino Unido com 2,9% e o Japão com 3,9%.
         A participação brasileira no comercio internacional é menor que a de países como o México (2,4%), e Índia (1,7%). O Brasil também fica atrás de Malásia, Polônia, Tailândia, Emirados Árabes Unidos, Singapura, Suíça, Bélgica e Coreia do Sul.
         Para Portella, da AEB, a receita para aumentar a venda de produtos industrializados passa pelo aumento da competitividade.
         Para isso, disse ele, o Brasil precisa avançar na agenda de reformas e melhorar a infraestrutura. Ele citou a necessidade de se fazer uma reforma da Previdência e, principalmente, melhorar o sistema de tributos brasileiro, considerado muito complexo.
         "A indústria é muito penalizada por esses impostos. Já teve a reforma trabalhista, que vai dar um certo vigor, mas a reforma fiscal é a salvação", declarou ele.
         O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Abrão Neto, observou que o governo avançou nas reformas econômicas.
         Segundo ele, o governo está implementando outras ações para melhorar o ambiente de negócios no Brasil e gerar mais competitividade para a produção brasileira, entre as quais a facilitação do comércio, redução da burocracia e de custos operacionais, e também iniciativas para permitir um maior acesso aos mercados de outros países, sobretudo por meio da negociação de acordos comerciais.

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