domingo, 21 de janeiro de 2018

Presidente do Chile anuncia construção de porto de grande escala, mas projeto gera questionamentos

         O anúncio da presidente chilena, Michelle Bachelet, de lançar o projeto do Porto de Grande Escala em San Antonio, próximo de concluir seu mandato, provocou críticas sobre a oportunidade da medida. A escolha do lugar, por exemplo, foi questionada, já que havia a alternativa de implantar a obra em Valparaíso, principal centro portuário do país.
         Desde o planejamento das duas opções até a definição do Palácio de La Moneda (sede do governo, em Santiago), se produziu uma das maiores crises no transporte marítimo global, culminada com a quebra da armadora sul-coreada Hanjin, em 2016. O fechamento da companhia se deveu principalmente pela queda no crescimento econômico mundial e suas consequências na indústria da navegação, que com dificuldades vem se recuperando a partir do ano passado.
          A redução do comércio internacional, mais especificamente na América Latina, foi suficiente para provocar dúvidas sobre a validade do projeto de construção do megaporto chileno. Segundo especialistas, seria suficiente potencializar a infraestrutura já existente na Zona Central do Chile. Além disso, muitos acreditavam que a decisão somente sairia no próximo governo de Sebastián Piñera, que incia em abril.
          As obras estimadas para o projeto em linhas gerais consistem em um dique de 3.700 metros, com molhes de 3.600 metros, abrigando dois terminais denomiados Sul 1 e Sul 2, com uma área de 90 hectares cada. Os trabalhos se desenvolveram por fases, de acordo coma demanda projetada de movimentação de porta-contêineres.
      Cabe recordar que a capacidade máxima do atual terminal de San Antonio para carga conteinerizada é de 2,49 milhões de teus. Segundo estimativas do estudo do projeto do novo complexo, a demanda deverá crescer 15% até 2024 com as melhorias operacionais.
         O estudo mostra ainda que a Fase 1 de operações poderá começar antes que os atuais terminais fiquem saturados. Aponta também que o projeto prevê atender esperada expansão da demanda até 2035. Mas as dúvidas a respeito da real necessidade do novo complexo observam que as previsões elaboradas são excessivamente otimistas e não correspondem a realidade.
        Estudos realizados por diversos consultores locais e internacionais, como Asaf Ashar, Hurtado C. Fernandez e Cea Ingenieros, projetam mais 2,5 milhões de teus movimentados anualmente até 2016, contra os 2,2 milhões operados atualmente. Uma evolução bem mais modesta do que a prevista no estudo governamental.
        Esses estudos mostram igualmente que seria mais adequada investir no complexo de Valparaiso, exigindo menos recursos e oferecendo condições para atender a demanda com qualidade até 2030. Eles baseiam-se nas estimativas de que o crescimento das operações deverá situar-se em torno de 2,8% ao ano ao longo da próxima década. E isso dentro de um cenário otimista.

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