sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Financiamentos do BNDES para a área de infraestrutura devem chegar a R$ 23 bilhões em 2018

         O BNDES prevê ampliar os desembolsos para a área de infraestrutura de R$ 19,83 bilhões, em 2017, para R$ 23 bilhões, em 2018. A projeção foi feita ontem pela diretora da área de infraestrutura do banco, Marilene Ramos. Segundo ela, a perspectiva para 2018 é que os desembolsos para as áreas de saneamento e transporte deverão chegar a R$ 9 bilhões, enquanto o setor de energia deverá ter recursos da ordem de R$ 14 bilhões.
         Marilene Ramos atribuiu essa performance à frequência da realização de leilões. "Acho que principalmente o que aconteceu é que na energia tivemos leilões mais regulares e [a área tem] o pipeline de projetos é mais demandado", explicou.
         A superintendente para a área de energia, Carla Primavera, explicou que o volume de novas contratações de empréstimo no setor energético deve crescer de R$ 13,4 bilhões em 2017 e para R$ 14,5 bilhões em 2018. As áreas de saneamento, transporte e mobilidade urbana tiveram desembolsos de R$ 6,4 bilhões, o que representou uma queda em relação aos R$ 8,34 bilhões verificados no ano anterior.
        Marilene observou que o segmento teve problemas inclusive pela suspensão dos desembolsos por causa de dificuldades enfrentadas pelos investidores em função da Operação Lava-Jato. Mas vê perspectiva de crescimento em 2018, já que esses projetos passaram por troca de controle.
Entre as operações já concluídas a diretora do BNDES citou o caso da Odebrecht Ambiental (vendida para a Brookfield), e as mudanças de controle do aeroporto do Galeão e da CAB Ambiental. Ela mencionou também a reestruturação das dívidas de empresas como a do Porto Sudeste, e da Embraport. Essa última construiu o terminal privativo da Odebrecht no Porto de Santos adquirido pela DubaiPort.
         "À medida que esses problemas que emperraram e obrigaram uma paralisação nos desembolsos forem sendo resolvidos, podemos retomar os desembolsos e até ter perspectiva de novos projetos e financiamentos", explica Marilene.
         No consolidado de 2017, os desembolsos do BNDES para infraestrutura chegaram a R$ 19,83 bilhões, com alta de 13% ante o ano anterior. Na mesma comparação, as contratações de novos financiamentos de projetos do setor cresceram 26%, para R$ 19,45 bilhões. Tradicionalmente a área de infraestrutura representa entre 30% e 40% dos desembolsos totais do banco. A carteira de projetos de infraestrutura atual soma mais de R$ 280 bilhões, com crescimento expressivo na área de energia.
         O setor de energia registrou crescimento de 52% de contratações no ano passado, para R$ 15,46 bilhões, e aumento de 69% dos desembolsos, totalizando R$ 13,43 bilhões. Entre os grandes projetos financiados pelo banco estão o financiamento para a construção do segundo bipolo de transmissão da hidrelétrica Belo Monte, cujo leilão foi vencido pela chinesa State Grid.
         O BNDES não prevê promover mudanças significativas em relação às condições de financiamento para projetos dos leilões de transmissão e geração de energia em 2018. Foi mapeado potencial de financiamentos de R$ 54 bilhões neste e no próximo ano e Marilene estima que as contratações em 2018 sejam da ordem de R$ 30 bilhões, para desembolso mais à frente. "Se colocarmos aí o potencial que os últimos leilões de energia trouxeram, vemos um pipeline para os anos de 2018, parte para ser aprovada em 2019", disse a diretora.
         "Alguns projetos têm potencial de serem aprovados ainda em 2018 e outros poderão escorregar para 2019, pois muitas vezes não depende só da nossa parte e o próprio empreendedor tem que alinhar uma série de fatores como regulação fundiária, licenciamento ambiental, garantias e a estruturação financeira das operações", afirmou.

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