quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Dragagem no Porto de Sepetiba é suspensa por 15 dias depois da morte de botos

         A Comissão Estadual de Controle Ambiental (Ceca), vinculada à Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, suspendeu por 15 dias as atividades de dragagem no Porto de Sepetiba, para aprofundar as investigações sobre a mortandade de botos na região.
       Falando hoje (24) à Agência Brasil, o presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marcus   Lima, informou que a medida atende recomendação do Ministério Público Federal no estado (MPF-RJ) e foi tomada por precaução, uma vez que não há, até agora, dados que comprovem que a mortandade dos botos é causada pela atividade de dragagem.
         A Ceca é um colegiado multidisciplinar, com vários representantes da sociedade, que decide pela concessão de licenças para dragagem no estado, entre outros assuntos ligados ao meio ambiente. O Inea analisa e envia à Comissão os pedidos de licença que são concedidos ou não pelo órgão, explicou Marcus Lima.
Rio de Janeiro Filhote vivo de boto-cinza com lesão causada por morbilivirose dos cetáceos nada cercado de adultos magros
Rio de Janeiro – Filhote vivo de boto-cinza com lesão causada por morbilivirose dos cetáceos nada cercado de adultos magros Imagem de divulgação/Instituto Boto-Cinza
         Ao receber a recomendação do MPF-RJ, o Inea encaminhou o documento ao Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), conhecido como Instituto Maqua, de notório saber sobre cetáceos, para saber se existia de fato alguma relação de causa e efeito entre a mortandade dos botos e a atividade de dragagem.
         Considerando a urgência do tema, o Maqua elaborou parecer confirmando que a morte dos botos é resultado de uma doença conhecida como morbilivirose. “Eles mandaram um laudo para a gente, confirmando que a morte [dos botos] é em função de um vírus”.
         Em relação à dragagem, o laboratório informou que qualquer atividade que perturbe de alguma forma o ambiente marinho, em tese poderia causar algum estresse para as populações de peixes. “Em tese, há a possibilidade de que a redução das fontes de estresse para os animais nesses locais pode minimizar o efeito do vírus. Mas não existe uma comprovação técnica de que vai funcionar”. Lima admitiu que esse vírus vai, com certeza, matar mais botos do que os 170 que já morreram até agora.

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