Após quatro anos de trégua,
o governo argentino voltou a barrar calçados brasileiros. A Associação
Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), que vem monitorando a
questão, reporta que atualmente estão pendentes de licenças de importação para
entrar no país vizinho 328 mil pares de calçados, sendo que 315 mil deles já
excederam o prazo máximo de 60 dias estabelecido pela Organização Mundial do
Comércio (OMC).
Segundo o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, o prejuízo já
chega a US$ 3 milhões. “Em outubro, no primeiro monitoramento realizado por
demanda de algumas empresas que estavam enfrentando novamente o problema, quase
850 mil pares aguardavam liberação na fronteira. Foi quando tivemos um encontro
na embaixada da Argentina no Brasil. A partir daí houve uma melhora, mas
seguimos atentos”, conta o executivo.
Ferreira lembra que o fato remete aos governos Kirchner, quando os calçados
brasileiros tiveram as mesmas dificuldades para entrar no país vizinho. “A
Argentina passa por uma crise econômica e precisa preservar suas reservas
cambiais. A medida natural do governo, que tem orientação mais protecionista, é
barrar importações, barreira que neste caso é colocada por meio das licenças
não automáticas”, explica o dirigente, ressaltando que a preocupação é de que
possam ocorrer cancelamentos ou mesmo pedidos de prorrogação para pagamentos,
prejudicando a indústria brasileira.
Atualmente, a Argentina é o segundo destino do calçado brasileiro no exterior,
atrás apenas dos Estados Unidos. Entre janeiro e outubro deste ano, o país
vizinho foi destino de 6,28 milhões de pares verde-amarelos, que geraram
US$ 60,17 milhões, quedas de 25,2% em volume e de 33,2% em receita na relação
com o mesmo ínterim de 2019.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
Governo da Argentina volta a barrar importação de calçados brasileiros
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