A tendência de queda nas taxas de frete spot mostra poucos sinais de desaceleração. De acordo com Lars Jensen, analista do setor marítimo, “as taxas para a Costa Leste da América do Sul caíram para US$ 1.386/TEU, uma queda de US$ 1.272/TEU em cinco semanas”, enquanto as taxas para a Costa Oeste da América do Sul estão em US$ 1.244/TEU, uma queda de US$ 566/TEU em
Em ambos os casos, ele observa, isso representa “mais do que uma reversão completa dos aumentos do final de outubro”. Esse ajuste contrasta com a tentativa de algumas companhias de navegação de aumentar as taxas em dezembro. A Hapag-Lloyd anunciou um aumento geral de taxas (GRI) de US$ 1.000/FEU para a América do Sul, América Central e Caribe, com vigência a partir de 1º de dezembro. No entanto, a recente queda acentuada levanta dúvidas sobre sua sustentabilidade.
Nas rotas transpacíficas, a pressão também está se intensificando. Jensen relata que o Índice de Frete de Contêineres de Xangai (SCFI) para a Costa Oeste dos EUA (USWC) caiu para US$ 1.645/FEU e para a Costa Leste dos EUA caiu para US$ 2.384/FEU, “uma queda de mais de US$ 1.000/FEU em três semanas”. Dados da Xeneta confirmam essa tendência. As taxas spot médias em 20 de novembro atingiram US$ 2.190/FEU para a USWC e US$ 2.838/FEU para a USEC. A maior queda semanal foi novamente na Costa Oeste:
“As taxas caíram 3,2% nesta semana, após uma queda de 17,2% na semana anterior”. Um aumento de 11,4% na capacidade oferecida pela Ocean Alliance contribuiu para a pressão de baixa. Para Peter Sand, chefe de análise da Xeneta, essa divergência de comportamento prenuncia o cenário do próximo ano: “Há diferenças notáveis entre as rotas do Extremo Oriente para a Europa em comparação com as dos EUA, e isso está moldando o cenário para 2026”.
Enquanto a Europa demonstra sinais de demanda saudável, nos EUA, “a política comercial terá um impacto negativo na demanda do consumidor e nos volumes de contêineres”. Nesse contexto, a América Latina se destaca como um símbolo de instabilidade global. As fortes quedas nas rotas para ambas as costas da América do Sul — ECSA e WCSA — demonstram que a capacidade redirecionada dos Estados Unidos está, mais uma vez, pressionando a oferta regional. Enquanto isso, o Índice Mundial de Contêineres (WCI) da Drewry permaneceu estável em US$ 1.852/FEU, com quedas nas rotas transpacíficas compensadas por leves aumentos nas rotas Ásia-Europa.
Segundo a Drewry, “espera-se que as tarifas diminuam ligeiramente na próxima semana”, visto que os cancelamentos de rotas diminuirão e haverá mais capacidade disponível. Judah Levine, chefe de pesquisa da Freightos, concorda que a correção se acelerou: “as tarifas para a costa oeste dos EUA caíram mais de 20% na semana passada”, enquanto as da costa leste dos EUA também caíram mais de 20%, retornando aos níveis pré-GRI de outubro.
O Papel da Frota Ociosa Um elemento fundamental para compreender essa dinâmica é a evolução da frota ociosa. Simon Heaney, Gerente Sênior de Pesquisa de Contêineres da Drewry, observa que “a frota ociosa ultrapassou 1 MTU em novembro pela primeira vez desde o ano passado”. Embora ele ressalte que um único mês não define uma tendência, o aumento coincide com o enorme influxo de nova capacidade este ano: 1,84 MTUs entregues em comparação com apenas 6 KTEUs sucateados.
O potencial retorno massivo do transporte marítimo ao Canal de Suez poderia liberar ainda mais capacidade, intensificando a necessidade de novos cancelamentos de rotas ou até mesmo de sucateamento: “Um retorno completo das travessias liberaria capacidade, forçando as companhias de navegação a ajustarem suas frotas em outras frentes”, destaca Heaney.
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