terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Escassez de capacidade e forte demanda impulsionarão as tarifas de cargas de projeto em 2025


 

O mercado de transporte de cargas multiuso (MPV) projeta um cenário positivo para afretadores e armadores, apesar de desafios como conflitos geopolíticos e as tarifas anunciadas por Donald Trump. Este optimismo é impulsionado principalmente pela procura de carga de projeto que ajuda a manter as taxas elevadas, de acordo com o último relatório da Drewry sobre o setor.

De acordo com Drewry, os Índices de Transporte Marítimo Breakbulk para carga geral e carga de projeto aumentarão em 2025, mas a diferença entre os dois deverá crescer, impulsionada pelas diferentes dinâmicas que afetam ambos os mercados de transporte marítimo. Segundo a consultoria, a utilização de navios cargueiros de projeto aumentará em meio a restrições de oferta e forte demanda por cargas de projeto.

Em contrapartida, o desempenho dos mercados de contêineres e a granel afetará significativamente a utilização de navios de carga geral. Como os custos de frete para cargas a granel também estão prestes a aumentar, o índice de carga geral também aumentará.

No mercado de fretamento, as taxas para navios de carga geral deverão aumentar de 1% a 7% (para diferentes tamanhos), enquanto as taxas de fretamento para navios de carga de projeto deverão subir entre 10% e 20% em 2025. Os dados mais recentes indicam um ambiente de forte procura, incluindo rotas para o Médio Oriente, África e Europa.

Por exemplo, navios com capacidade de até 10.000 a 15.000 dwt são fretados na faixa de US$ 12.000 a US$ 16.000. A demanda sustentada e a baixa disponibilidade de navios de carga do projeto sustentarão as taxas até 2026.

Do lado da oferta, a frota de MPV não cresceu em linha com as expectativas da Drewry, uma vez que foram entregues e desmantelados menos navios. Assim, a capacidade total ficou em 60 milhões de dwt. Isto inclui navios classificados como carga geral, bem como carga de projeto, cada um com capacidade de 2.600 dwt ou mais.

No entanto, apenas alguns pedidos foram feitos no segundo semestre do ano. Diante disso, a consultoria ajustou suas projeções sobre o número de navios a serem entregues em 2026, indicando que as entregas deverão ser moderadas nos próximos dois anos. Uma parcela significativa dos pedidos de construção de navios de carga geral programados para 2025 será utilizada como capacidade de reposição; portanto, o crescimento será marginal.

Além disso, o aumento da oferta de navios porta-contêineres intensificará a concorrência com os MPV. Separadamente, Drewry espera uma oferta restrita de navios de carga de projeto devido a uma baixa carteira de pedidos, o que resultará em taxas de fretamento mais altas. Além disso, se os atrasos nas entregas aumentarem em 2025, um aumento nas taxas poderá ser observado no próximo ano para cargas de projeto.

Por outro lado, o sucateamento se recuperou no 4T24. Contudo, importa referir que 40% dos navios de carga geral têm mais de 25 anos, e um número significativo deles tem mais de 30 anos. Muitos armadores estão atrasando o descomissionamento enquanto os navios operam acima dos níveis de equilíbrio.

Portanto, as perspectivas para as taxas de fretamento para navios de carga geral de todos os tamanhos são cruciais à luz do potencial desmantelamento. A procura de navios de carga de projeto será forte em 2025, especialmente na Ásia, apoiada por projetos energéticos que continuam dentro do calendário.

No entanto, os riscos geopolíticos, as potenciais tarifas e os efeitos moderados do El Niño poderão afetar significativamente o comércio mundial, especialmente no que diz respeito à carga geral e aos produtos a granel. Espera-se que a procura de cereais, fertilizantes, aço e outros materiais de construção aumente significativamente até 2025, impulsionando a procura de carga geral e carga de projeto.

Entretanto, qualquer aumento na procura destes produtos será provavelmente controlado pelo mercado a granel, que funciona como um amortecedor. No entanto, os conflitos globais em curso e as potenciais alterações políticas representam riscos consideráveis. A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China poderá afetar o comércio de grãos e soja, o que afetaria o setor graneleiro e aumentaria a concorrência pela carga geral.

Finalmente, para Drewry, a tendência ascendente nas taxas de carga de projeto deverá persistir em 2025 devido à oferta limitada de navios e à elevada procura. Em contraste, as taxas de carga geral deverão registar aumentos mais moderados, influenciados pelos padrões comerciais regionais e pela dinâmica económica.

MPor encaminha à Antaq processo do projeto do túnel Guarujá-Santos

 

O secretário Nacional de Portos, Alex Ávila, encaminhou ao diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Alber Furtado de Vasconcelos, pedido para que a agência delibere sobre a continuidade do projeto de construção do túnel Santos-Guarujá. Ávila informou que as audiências públicas já foram realizadas em sua plenitude. Ofício também foi enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU).

“A comunidade da Baixada Santista aguarda a licitação da obra, esperada há quase um século, por beneficiar a região, o Estado de São Paulo e o País, uma vez que impacta positivamente nas operações do maior porto do hemisfério sul”, ressalta o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini.

O projeto do túnel atende à política do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), que visa melhorar a mobilidade urbana e fomentar a boa relação Porto-cidades. O Mpor aprovou o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), relativo à modelagem do projeto de concessão patrocinada dos serviços públicos de construção, operação, manutenção e realização dos investimentos necessários para a exploração do Túnel Imerso Santos-Guarujá, em parceria com o Governo do Estado.

A Secretaria de Parceria em Investimentos do Estado de São Paulo concluiu pela “desnecessidade de realização de novas consultas e audiências públicas” sobre o Projeto Túnel Santos-Guarujá, que foram realizadas pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), de maneira conjunta com todos os órgãos do grupo de trabalho. As consultas ocorreram de 14 de março a 3 de maio de 2024 e as audiências foram realizadas em Santos, no dia 17 de abril de 2024; no Guarujá, em 18 de abril de 2024; e no Porto de Santos, no dia 19 de abril de 2024.

O secretário Alex Ávila informa, no ofício à Antaq, que concorda com a posição do Governo do Estado de São Paulo, que também manifestou pela “desnecessidade de realização de novas consultas e audiências públicas”, e que, considerando as competências da agência reguladora, entende que o tema deve ser apreciado e deliberado por ela.

 

Projeto Hub Suape para transição energética é selecionado pelo Ministério de Minas e Energia

O Ministério de Minas e Energia (MME) divulgou o resultado da seleção de programas de hubs de hidrogênio de baixa emissão de carbono, voltados à descarbonização da indústria brasileira. Das 70 propostas recebidas, 12 foram selecionadas, entre elas o projeto Hub Suape para Transição Energética. A chamada pública avaliou proposições de hubs em escala comercial, que produzam e utilizem hidrogênio de baixa emissão de carbono, com desenvolvimento tecnológico e da infraestrutura de produção nacional, de forma integrada e sustentável. Os selecionados serão incluídos na submissão do governo federal para o estágio 1 de concorrência aos recursos do Climate Investment Funds - Industry Decabornization (CIF).

O Hub Suape TE tem a proposta de transformar o porto pernambucano em um polo estratégico de produção, armazenamento e distribuição de hidrogênio e seus derivados, como o e-metanol. A iniciativa inclui o pleito de suporte financeiro para a implementação do Cais 7, o primeiro do Brasil a ser dedicado à distribuição de combustíveis sustentáveis. Na primeira fase, abrange a produção de hidrogênio verde, com capacidade anual estimada em 76 mil toneladas, e produção e distribuição de e-metanol, estimada em 400 mil toneladas anuais.

Esses combustíveis serão usados no mercado interno, atendendo à demanda de indústrias locais e embarcações; e no mercado externo, com 40% da produção destinada à exportação. Futuramente, o hub prevê a produção e distribuição de SAF (Sustainable Aviation Fuel), para atender ao setor aéreo, em alinhamento com as metas previstas na Lei do Combustível do Futuro (Lei Nº 14.993, de 8 de outubro de 2024).

Um dos diferenciais do projeto de Suape é a integração com a indústria sucroenergética local, permitindo o uso do CO biogênico, que será capturado para a síntese de e-metanol. Esse método atende às melhores práticas de sustentabilidade e agrega valor à cadeia de combustíveis e ao setor sucroenergético de Pernambuco.

“O Hub Suape promoverá a transição justa ao fomentar o desenvolvimento econômico regional e criar empregos verdes. A parceria com instituições proporcionará programas de qualificação, que vão capacitar trabalhadores locais para operar e desenvolver tecnologias de hidrogênio e energias renováveis. Essa iniciativa contribui para o desenvolvimento socioeconômico de Pernambuco e aumenta a resiliência da força de trabalho local”, explica o diretor-presidente de Suape, Marcio Guiot.

 

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

DP World incorpora 500 novos contêineres refrigerados sustentáveis à sua frota


A DP World anunciou, por meio de uma publicação no LinkedIn, a incorporação de 500 contêineres frigoríficos de última geração à sua frota. As novas unidades  reforçam o seu compromisso com a sustentabilidade e a eficiência na logística global.

Os equipamentos são projetados com sistemas de refrigeração energeticamente eficientes e refrigerantes ecológicos. Eles permitem reduzir as emissões de carbono e garantem ao mesmo tempo um controle preciso da temperatura e integridade das cargas movimentadas.

A empresa destacou que esta aquisição faz parte da sua participação na coalizão industrial Move to -15, que propõe uma mudança nos padrões da cadeia de frio, ajustando a temperatura de -18 °C para -15 °C.

Segundo a DP World, o ajuste tem um impacto significativo na redução do consumo de energia, ajudando a indústria a mitigar o seu impacto ambiental. “Com a inovação e a sustentabilidade no centro das nossas operações, estamos estabelecendo novos padrões de eficiência ao mercado”, explica a nota da empresa.

Mapa garante que investigação chinesa sobre importações de carne bovina não prejudicará vendas do Brasil

O governo brasileiro toma nota da comunicação, pelo Ministério do Comércio da China, do início de investigação para fins de aplicação de medidas de salvaguarda sobre as importações de carne bovina por aquele país. A investigação, aberta no dia 27/12, abrange todos os países exportadores de carne bovina para a China e analisará o período  entre  2019 r o primeiro semestre desse ano.

A investigação deverá ter a duração de oito meses. Não há, em princípio, a adoção de qualquer medida preliminar, permanecendo vigente a tarifa de 12% “ad valorem” que a China aplica sobre as importações de carne bovina.

A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, consolidando-se nos últimos anos como o maior parceiro comercial do Brasil em proteínas animais. Em 2024, as exportações brasileiras de carne bovina para o país somaram mais de 1 milhão de toneladas, representando aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023.

Durante os próximos meses, e seguindo o curso e os prazos legais da investigação, o governo brasileiro, em conjunto com o setor exportador, buscará demonstrar que a carne bovina brasileira exportada à China não causa qualquer tipo de prejuízo à indústria chinesa, sendo, pelo contrário, importante fator de complementariedade da produção local chinesa.

O governo brasileiro reafirma seu compromisso em defender os interesses do agronegócio brasileiro, respeitando as decisões soberanas do nosso principal parceiro comercial, sempre buscando o diálogo construtivo em busca de soluções mutuamente benéficas.

 

Complexo do Pecém tem novo presidente que pretende consolidar o hub de hidrogenio verde

O Complexo portuário e industrial do Pecém tem novo presidente a partir desta semana. Max Quintino, que estava à frente da Casa Civil do Governo do Ceará, tomou posse nesta semana, após reunião do Conselho de Administração. “Assumo esse novo desafio muito grato pela oportunidade me dada pelo governador Elmano de Freitas e na certeza de que tenho nas mãos uma responsabilidade grande, de estar à frente desse tão importante instrumento para a economia do Ceará”, destaca o novo dirigente.

“O Complexo do Pecém tem um protagonismo no Nordeste e, em breve, no Brasil e no mundo, com a instalação do hub de hidrogênio verde”, enfatizou Max, prometendo empenho para garantir a consolidação dessas posições. O novo presidente possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) e mestrado em Economia do Setor Público pela Universidade Federal do Ceará (UFC). O gestor concluiu, em 2023, o Programa Internacional Boston Beyond, nos Estados Unidos.

Professor da rede pública estadual de ensino, Max tem experiência na gestão pública. Além de secretário-chefe da Casa Civil, foi superintendente do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE), diretor da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa), presidente do Instituto Agropolos do Ceará e diretor da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce).

 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Exportações da Austrália, Brasil e Rússia vão impulsionar transporte marítimo em 2025


 

O mercado a granel está preparado para um aumento nos lucros, à medida que as regulamentações ambientais globais e regionais reconfigurarão o fornecimento de navios. Isto será combinado com uma maior fragmentação nos negócios de carga, relata a consultoria Drewry, acrescentando que, embora as perspectivas de crescimento do PIB sejam ligeiramente mais elevadas até 2025, a procura de transporte marítimo deverá ser resiliente, impulsionada pelo carvão e pelos cereais.

A expectativa é que a recuperação nas economias desenvolvidas se concretize finalmente após um atraso. No entanto, a atividade industrial da Europa continua fraca, apesar de a economia já ter evoluído. Por outro lado, prevê-se que as descidas consecutivas nos custos de financiamento do Banco Central Europeu melhorem a confiança do mercado e estimulem a atividade industrial em 2025.

Entretanto, a procura de carvão térmico na UE será moderada à medida que o continente se esforça para abandonar os combustíveis fósseis. Entretanto, as projeções de crescimento na China para 2025 foram truncadas, reduzindo a expectativa de recuperação da procura no mercado interno. Espera-se que o consumo de aço do país seja moderado, embora o aumento das exportações de aço compense a fraca procura interna.

O aumento das exportações para destinos mais distantes aliviará o mercado de transporte marítimo. Drewry acredita que o recente estímulo impedirá uma queda livre, mas é pouco provável que revigore imediatamente o consumo interno e a confiança do mercado, dada a persistente tendência deflacionária.

No entanto, isto é justaposto com importações abundantes de carvão térmico, cereais e bauxite para a China, ajudando a procura de transporte marítimo. Embora a produção de energia hidroeléctrica tenha melhorado marginalmente, o elevado consumo de energia manterá elevado o volume de importação de carvão. mercado de grãos que proporcionará mais oportunidades para uma procura sustentada, com elevadas exportações da Rússia, Austrália e Brasil.

A ratificação pela China das importações de sorgo do Brasil aumentará os embarques a partir de 2025, em linha com o objetivo do país de diversificar os seus parceiros comerciais. A China, o maior importador mundial de sorgo, obtém em média sete milhões de toneladas por ano e planeja diversificar começando a importar do Brasil. Os Estados Unidos respondem por 56% das exportações globais de sorgo e 94% dos embarques vão para a China.

O impacto da diversificação das importações chinesas também será evidente no comércio de carvão de coque, uma vez que o país poderá obter mais carvão da Mongólia com o início de redes ferroviárias adicionais no próximo ano. Isto continuará a desacelerar as importações marítimas, como visto em 2024.

Considerando a relação amarga mantida durante 2016-20, não é improvável que o comércio EUA-China seja directamente afetado. Embora não se espere que o impacto seja semelhante ao do mandato anterior de Trump, o receio de tarifas irá remodelar o comércio a partir do início de 2025. Com as importações de soja dos EUA já acelerando na China no quarto trimestre de 2024, a pausa poderá ser mais pronunciada no primeiro trimestre. de 2025, o que agravaria o declínio sazonal.

 Além disso, os países vizinhos dos EUA também enfrentarão pressão com o recente anúncio de uma tarifa de 25% sobre as importações do Canadá e do México. É mais provável que as tarifas sejam tidas em conta nos preços de importação de matérias-primas mais elevados, uma vez que os principais bens importados para os EUA destes dois países (tais como agregados, minério de ferro e cimento) ainda seriam mais baratos do que os envios de países mais distantes.

O desvio de navios através do Cabo da Boa Esperança persistirá, mantendo os trânsitos  pelo Canal de Suez nos atuais níveis baixos. Itinerários mais longos e a consequente maior capacidade utilizada por períodos mais longos continuarão a manter menos flexibilidade disponível na oferta, o que por sua vez apoiará as taxas de frete.

De acordo com a Drewry, existem fundamentos de oferta no mercado para 2025, uma vez que as entregas programadas permanecem modestas e os armadores recorrem cada vez mais à desaceleração dos navios para cumprir os regulamentos CII, uma combinação que resultará numa limitação do crescimento da oferta. Tem havido também preferência por navios mais jovens, especialmente em regiões como a Europa, levando a uma fragmentação do mercado de transporte de mercadorias. Esta tendência continuará no próximo ano com a aplicação do regulamento marítimo FuelEU a partir de janeiro de 2025. Embora o seu impacto imediato seja mínimo