Um
mercado aberto e com potencial para receber investimentos foi a imagem que a
missão gaúcha de empresários e políticos que está no Chile passou para
empreendedores desse país. Em reunião realizada nesta quarta-feira, 5, na
Sociedad de Fomento Fabril (Sofofa), em Santiago, o governador Eduardo Leite
(PSDB) destacou oportunidades de investimentos no Estado, como nas áreas de
infraestrutura e logística, e o presidente da Fiergs, Gilberto Petry,
acrescentou que é importante manter contatos para se criar uma relação de maior
proximidade e confiança.
No encontro, em espanhol, o
governador frisou que a melhor porta de entrada no Brasil para o Chile é o Rio
Grande do Sul, ressaltando a boa condição geográfica dos gaúchos. Leite defende
que as missões internacionais servem para demonstrar ao mundo que o Brasil vai
além de Rio de Janeiro e São Paulo. No vídeo de apresentação do Estado, um dos
destaques foram as estatais que serão privatizadas (CEEE, Sulgás e CRM). Leite
espera que a autorização para a venda dessas companhias seja votada na
Assembleia Legislativa até julho.
Em material impresso de divulgação
apresentado sobre o Estado, o governo gaúcho apresentou como oportunidades de
concessões no modal rodoviário as estradas RS-239, RS-235, RS-122, RS-240 e
RS-115. O governador salienta que investimentos feitos em hidrovias e rodovias
diminuirão o custo logístico do Estado e recorda o potencial hidroviário e do
porto do Rio Grande, com um dos maiores calados da região.
Nesse sentido, o superintendente do porto do Rio
Grande, Fernando Estima, ressalta que o foco do porto gaúcho é atrair mais
cargas e investidores. Leite e Estima tiveram, ontem à tarde, reunião com a
empresa Ultramar, grupo que conta com mais de 20 terminais na América Latina e
que está analisando oportunidades no porto do Rio Grande.
O superintendente informou que a
dragagem do porto de Rio Grande está em andamento e que isso aumentará a
competitividade do Estado. Conforme o dirigente, mais de 80% do serviço já foi
realizado, e, em mais 45 a 60 dias, o trabalho deve ser concluído, restando
apenas a homologação da nova profundidade, o que deve levar mais três a quatro
meses. Com a iniciativa, o calado do porto do Rio Grande passará de 12,8 metros
para 14,5 metros. Com o calado certificado, haverá mais segurança nas manobras
dos navios, diminuindo os custos com seguros.
O presidente da Fiergs reforça que o
objetivo da visita ao Chile é abrir novos laços de cooperação. Petry frisa que
o Chile é o sexto destino das exportações do Rio Grande do Sul, significando
negócios na ordem de US$ 490 milhões no ano passado. Em contrapartida, é o 17º
quanto às importações gaúchas, movimentando em torno de
US$ 144 milhões em 2018. O executivo
destaca que o Rio Grande do Sul almeja vender para o Chile basicamente produtos
manufaturados e soja. Petry convidou os integrantes da Sofofa para realizarem
uma missão empresarial no próximo ano ao Rio Grande do Sul.
Quanto à relação entre nações, a
vice-presidente da Sofofa, Janet Awad, enfatiza que o Brasil é o primeiro
parceiro comercial do Chile na região e o quinto em âmbito mundial. O
intercâmbio comercial entre Brasil e Chile, no ano passado, foi de US$ 10,1
bilhões. Ela argumenta que, apesar da guerra comercial entre China e Estados
Unidos impactarem as relações comerciais hoje do planeta, a economia mundial
está se multiplicando e intensificando. No caso particular do Rio Grande do Sul
e do Chile, a dirigente reforça que são economias complementares.
Questionado se a proposta de
integração entre Chile e Rio Grande do Sul não pode causar conflitos em áreas
em que os dois possuem interesses comerciais concorrentes, como é o caso do
vinho, o governador Eduardo Leite defende que, para se ter integração e
cooperação econômica, é preciso se abrir para o que outros países estão
propostos a oferecer. Mesmo assim, Leite revela que terá uma reunião nos
próximos dias com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), na qual serão
debatidas demandas do segmento. Segundo o governador, deverão ser encaminhadas
soluções quanto à substituição tributária para a vitivinicultura gaúcha.
"A queixa do setor vitivinícola
é que a substituição tributária impõe pagar na frente o que depois o varejo
poderia recolher na ponta", detalha o governador. Essa situação gera um
descompasso na entrada e saída de recursos. Na ocasião do encontro com o
Ibravin, Leite vê a oportunidade para serem discutidas outras estratégias para
ajudar a competitividade do segmento.
Outro debate do governo está na área
da aviação. Leite diz que ainda está discutindo com a Azul, a Gol e a Two Flex
(empresa de táxi aéreo que fará parceria com a Gol para atuar no Rio Grande do
Sul) a possibilidade da alteração do decreto existente que determina incentivos
para a aviação regional. "O que nós queremos é o maior número de voos para
o Interior, com a maior capacidade possível", enfatiza o governador. A Gol
e a Two flex oferecem oportunidades de voos com aeronaves de menor porte, e
Leite quer evitar que ocorra um desequilíbrio neste mercado.
"Naturalmente, não queremos, para viabilizar um tipo de voo, perder os
outros que temos com a própria Azul, com aviões de maior porte, talvez isso
exija, e isso estamos estudando, uma alteração que permita uma ferramenta de
incentivos que seja na proporção dos assentos disponibilizados", explica.
Leite também teve encontro com
diretores da indústria chilena de celulose CMPC. O governador salienta que o
grupo tem um plano de investimento mundial e conta que a empresa está
"animada" para novos investimentos no Rio Grande do Sul". Leite
lembra que a CMPC, que possui planta em Guaíba, já investiu cerca de R$ 5
bilhões no Estado. O governador volta nesta quarta-feira para o Brasil, enquanto
a missão liderada pela Fiergs permanece no Chile até sexta-feira mantendo
rodadas de negócios e visitas a empresas locais.
Um empresário gaúcho participante da
missão é o diretor-geral da Tecpon, Newton Battastini. Ele detalha que a
companhia, ligada ao segmento químico e com sede em Cachoeirinha, já exporta
para o Chile atendendo a demandas de frigoríficos. Agora, o empresário busca
negócios no segmento hospitalar, para sanitização. O executivo considera que o
comércio entre chilenos e gaúchos apresenta potencial, pois há muitas
similaridades entre as duas regiões. "Eu estou trabalhando no Chile há 12
anos e é um mercado promissor, bom de trabalhar, são honestos e claros",
reforça Battastini.
O empresário, que é presidente do
Sindicato das Indústrias Químicas no Estado do Rio Grande do Sul (Sindiquim),
também fez um comentário sobre a notícia que a companhia LyondellBasell
desistiu da compra da Braskem. Para o dirigente, a informação gera a apreensão
de que possa significar a estagnação de investimentos no polo petroquímico de
Triunfo.
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