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MRS Logística completou duas décadas de operação no início de dezembro anunciando que se prepara para um novo salto: renovar a concessão de sua
malha com um novo ciclo de investimentos. A exploração dos 1.643
quilômetros de trilhos, que cortam 110 cidades nos Estados de Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, vence em 2026. A MRS solicita mais
30 anos a partir do fim do contrato.
Uma das vertentes do investimento será murar trechos da ferrovia para
aumentar a velocidade dos trens, que hoje é, na média, de 45 km por
hora. Com 500 pontes, 140 túneis e conflitos urbanos ao longo da malha,
atualmente há algum tipo de intervenção a cada 1,5 quilômetro de trilho,
na média.
O presidente da MRS, Guilherme Segalla de Mello, não adianta
números sobre a meta de produtividade, tampouco o montante de
investimentos como contrapartida à renovação da concessão o trabalho
para definilos começa agora. "Mas será na casa de alguns bilhões",
afirma o executivo, no cargo desde julho de 2014.
A concessionária apresentou o pleito de prorrogação antecipada ao
governo no fim de 2015 e recebeu em outubro deste ano o termo de
referência que vai balizar o aditivo. Agora, a empresa vai se debruçar
para desenvolver e detalhar o seu "masterplan". A estimativa é que o
plano esteja pronto ao fim do primeiro quadrimestre de 2017.
O passo seguinte é a audiência pública, depois a análise do Executivo
(agência reguladora e Ministério dos Transportes) e, finalmente, o aval
do Tribunal de Contas da União (TCU). Aprovado pela corte de contas, o
aditivo poder ser assinado pelo poder concedente.
Após completar duas décadas de operação em 1º de dezembro, a ferrovia
MRS Logística se prepara para um novo salto: renovar a concessão de sua
malha com um novo ciclo de investimentos. A exploração dos 1.643
quilômetros de trilhos, que cortam 110 cidades nos Estados de Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, vence em 2026. A MRS solicita mais
30 anos a partir
do fim do contrato.
Uma das condições para a assinatura das renovações de ferrovias,
prevista na Medida Provisória nº 752, a chamada "MP das Concessões", é
que as empresas tenham cumprido as metas de produção e de segurança
definidas em contrato em três dos últimos cinco anos anteriores ao
pedido de prorrogação. "Estamos totalmente aderentes aos requisitos do
governo", diz Mello, que faz questão de destacar a queda constante dos
índices de acidentes e batizou internamente o significado da sigla MRS
de "Máximo Rigor com Segurança".
Essa é a primeira entrevista de Guilherme Mello desde que chegou à
MRS dois anos e meio atrás para ocupar a presidênciada empresa.
Engenheiro eletricista formado pela Poli/USP, assumiu o cargo a convite
de um dos conselheiros da empresa, após construir sua carreira em duas
multinacionais a americana GE e a alemã Siemens. Recebeu como missão
crescer de forma sustentável e diversificar a matriz de cargas da MRS,
que nasceu de uma associação de grandes produtoras de commodities
minerais.
Tendo como acionistas a indústria de siderurgia e mineração de ferro
MBR (que foi depois adquirida pela Vale), CSN, Congonhas Minérios
(controlada da CSN), Usiminas, Vale e Gerdau , cerca de 65% da receita
da companhia advém do chamado carrossel do minério, o circuito de
embarque da carga em Minas Gerais, a descida até os portos fluminenses e
a subida de volta. O restante provém do tramo que segue para a Baixada Santista, com
destino às cidades com atividade industrial ou portuária da região:
Cubatão, Santos e Guarujá.
Historicamente, a movimentação física da ferrovia é de 70% a 75% de
minério de ferro, carvão e coque. O restante é carga geral, denominação
que engloba todo o resto de produtos siderúrgicos a agrícolas,
passando por cimento. No terceiro trimestre deste ano a MRS bateu seu recorde histórico
para o período ao movimentar 45,7 milhões de toneladas, alta de 5,9%
sobre a mesma base anual a despeito da crise econômica e do cenário
desfavorável do preço do minério de ferro no mercado spot internacional.
O transporte de quase todas as cargas cresceu nesse período.
Especialmente o de contêineres, que no Brasil não é "natural" do modal
ferroviário.
O serviço vem ganhando espaço e clientes na malha da MRS. "São
grades fixas com saídas regulares", diz Mello. Neste ano, a MRS fez 293
contatos e visitas comerciais que geraram 65 novos clientes no segmento
de contêineres, cuja carteira é de 127 empresas entre contratos fixos e
eventuais.
Em 2015 o transporte de contêineres, que levam as mercadorias de
maior valor agregado, cresceu 30,8%, para 62 mil Teus (medida
internacional do setor equivalente a uma unidade padrão de um contêiner
de 20 pés). A projeção para este ano é de 80 mil Teus, alta de 29%.
O aumento da utilização da malha para contêineres, realizado pela MRS
para levar ou trazer cargas do porto de Santos, compensou a queda de
movimentação destinada à Usiminas em Cubatão, após a siderúrgica
paralisar a produção na área primária naquela cidade. A MRS chegou a
levar 9 milhões de toneladas de minério de ferro por ano para a planta
cubatense da Usiminas.
Antes de ir para a MRS, Mello trabalhava na GE, fornecedora de
locomotivas, que fez uma série de vendas à ferrovia. Em 2012, a MRS foi a
maior cliente da GE, ao encomendar 115 locomotivas. Foi o ano marcado
por um dos maiores investimentos da história da MRS.
Ao mudar de lado no balcão, Mello implantou uma maior disciplina de
capital, que incluiu, inclusive, a venda e otimização de ativos ociosos
da frota rodante. Primeiro, para se ajustar à retração de demanda do
volume de cargas, principalmente com a queda do preço do minério de
ferro que congelou vários projetos de mineradoras. Depois, para
preparar o terreno para o novo ciclo.
No terceiro trimestre, a dívida
bruta da MRS caiu 11,7%, para R$ 3 bilhões, e alavancagem (medida pela
relação entre dívida líquida e Ebitda) saiu de 2,05 vezes para 1,72 vez,
em base anual. Neste ano, a ferrovia prevê fechar o transporte em torno
de 170 milhões de toneladas, alta de 3% sobre 2015. Todavia, esse
volume está bastante longe da projeção de 2011/2012 no auge do preço
do minério , estimada em 300 milhões de toneladas.
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