O presidente Michel Temer anunciou que prepara novas medidas
econômicas para 2017 com o objetivo de financiar seu programa de
concessões. Segundo ele, "depois de um longo inverno", o ano termina
"bem" com as medidas econômicas anunciadas nas últimas semanas.
"O primeiro semestre do próximo ano será bastante decisivo para a
recuperação do país", disse. "As pesquisas mostram que, ao final
dele (próximo ano), começa o crescimento," afirmou Temer. O presidente disse que o governo pensa numa segunda etapa de medidas,
mas não detalhou o que está em estudo. "Precisamos produzir outras
medidas", afirmou. "Estou pensando o que é possível fazer no ano que vem
para incentivar as concessões." A equipe de Temer avalia formas de melhorar o financiamento das
concessões de serviços públicos ao setor privado, como aeroportos,
portos, rodovias e ferrovias. Os primeiros leilões anunciados pelo
governo devem ocorrer no primeiro semestre de 2017.
Para o presidente, as "pessoas cansaram um pouco do pessimismo" e
estão "desejosas de um novo tempo", o que poderá contribuir para a
recuperação econômica do país. "Depois de um longo inverno, foi bom, as medidas [anunciadas nos
últimos 15 dias] foram boas, bem recebidas, valeu a pena", disse Temer.
"Esses R$ 30 bilhões que vão sair das contas do FGTS, por exemplo, vão
circular pela economia, pouco a pouco, e ajudam. A redução dos juros do
cartão também."
O governo anunciou o refinanciamento de dívidas de empresas e
consumidores, a liberação de saque de contas inativas do FGTS, uma
melhoria no rendimento do fundo e medidas para redução dos juros do
cartão de crédito. Embora Temer estime que a liberação das contas inativas do FGTS
injetará R$ 30 bilhões na economia, os balanços da Caixa Econômica
Federal apontam apenas R$ 19 bilhões nas contas inativas.
O Ministério da Fazenda espera crescimento de 1% do PIB (Produto
Interno Bruto) no próximo ano, após reavaliar previsão anterior que
apontava uma taxa de 1,6%. A projeção do Banco Central é de crescimento
de 0,8%.
"Eu vivo pregando o otimismo, a pacificação, a serenidade", afirmou
Temer. Com as medidas lançadas no fim do ano, o objetivo do Palácio do
Planalto foi reverter os efeitos de uma série de notícias negativas para
o governo. Além da recessão econômica, que já dura mais de dois anos, Temer viu
sua popularidade despencar nas últimas semanas. O ex-ministro Geddel
Vieira Lima deixou o governo sob a suspeita de ter usado o cargo para
favorecer seus interesses num projeto imobiliário na Bahia. Depoimentos
de executivos da Odebrecht que colaboram com a Operação Lava Jato
lançaram suspeitas sobre outros ministros e o próprio Temer.
Os auxiliares do presidente acham que as medidas anunciadas no fim do
ano tiveram êxito. "A crise é natural, o país vive conflagrado por um
bom período, mas terminamos bem 2016", disse Temer, que assumiu o
governo em maio, quando a Câmara abriu o processo de impeachment e
afastou a presidente Dilma Rousseff do cargo. Ao listar o que conseguiu realizar desde então, Temer cita a
aprovação do teto dos gastos públicos, o envio da reforma da Previdência
ao Congresso, a recuperação da Petrobras, a reforma do ensino médio e a
lei com novos critérios para a nomeação de dirigentes nas empresas
estatais.
O maior receio do Palácio do Planalto está na Lava Jato,
especialmente na delação dos executivos da Odebrecht. O governo espera
que não ocorram mais vazamentos antes de sua homologação pelo Supremo
Tribunal Federal, e que o conteúdo só venha a público entre o fim de
fevereiro ou início de março, quando a aposta é que o presidente estará
fortalecido pela melhoria nas expectativas econômicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário