Há quatro meses realizando protestos, os auditores reclamam do não
cumprimento de um acordo firmado com o Governo. Eles também são contra
as modificações propostas ao projeto de lei que trata da recomposição
salarial e, também, da regularização de normas que garantem a
independência e a autonomia do trabalho da categoria.
“A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que se iniciou em
julho deste ano e se agravou nas últimas semanas, tem impactado
significativamente a fluidez do comércio exterior, trazendo prejuízos
incalculáveis às milhares de empresas importadoras e exportadoras, que
eventualmente perdem embarques ou precisam desembolsar valores maiores
pela armazenagem de mercadorias, além de desabastecer o comércio e a
indústria de insumos essenciais”, destacou o diretor-executivo do
Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo
(Sindamar), José Roque.
Agora, a categoria implantou a Semana do Canal Vermelho, que
continuará até o dia 16. Nesse período, as cargas de importação ficarão
retidas nos terminais e as de exportação terão de passar por todas as
vistorias previstas. Isto inclui conferências físicas e documentais das
mercadorias que serão embarcadas.
Na próxima semana, também está prevista uma operação padrão na
Alfândega do Porto de Santos. Entre segunda e sexta-feira, serão
liberadas somente cargas vivas, perigosas, medicamentos, perecíveis,
urnas funerárias e fornecimentos de bordo.
A estimativa do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco)
em Santos é que a greve em outubro e novembro tenha causado a retenção
de cerca de 16 mil contêineres no Porto de Santos e um atraso na
arrecadação estimado em R$ 1,6 bilhão. Com a aprovação da continuidade
do protesto, se somarão a estes números um volume de 6 mil contêineres e
R$ 600 milhões de atraso na arrecadação.
Segundo o diretor-executivo do Sindamar, as cargas de importação
estão sendo retidas nos terminais por falta de desembaraço. Já as
mercadorias de exportação procedentes de outros portos nacionais e em
trânsito por Santos necessitam da conclusão do trânsito, e por falta
dessa providencia, perdem várias conexões de navios destinados ao
exterior, com custos de armazenagem desnecessários.
“Também sofre-se com a imprevisibilidade das operações, gerando
insegurança jurídica e contratual, podendo, inclusive, levar ao
deslocamento de operações de algumas empresas para outros portos ou
mesmo para outros países. Isso faz com que percamos a competitividade
perante os novos players, o que nos traz sérios impactos ao comércio
exterior e a balança comercial”, afirmou Roque.
Espaço físico nos terminais
Diante dessa situação, o diretor do Sindamar já teme que a Semana do
Canal Vermelho se estenda por mais tempo. Se isso acontecer, os
terminais podem não ter mais capacidade física para armazenamento das
mercadorias.
“Nunca nos defrontamos com uma situação tão crítica como a atual,
onde o silêncio do Governo impera em detrimento do crescimento do País”,
disse Roque. “As cargas de importação estão sendo retidas nos
terminais, por falta de desembaraço, da mesma forma a carga de
exportação, em trânsito por Santos, procedente de outros portos
nacionais, que necessita de conclusão do trânsito. E, por falta dessa
providência, várias conexões de navios destinados ao exterior são
perdidas, com custos de armazenagem desnecessários".
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