O Centro Nacional de Navegação Transatântica (CENTRONAVE) encaminhou
na semana passada carta ao superintendente do Porto de Rio Grande (RS)
expressando sua preocupação em relação às restrições à navegação, assim
como às exigências da autoridade marítima daquele porto para a
realização de manobras com navios com mais de 307 metros de comprimento.
Essas exigências são impostas em virtude de restrições estruturais há
muito já identificadas, porém, até hoje não sanadas. Na Carta, o
Centronave alerta que tais exigências poderão levar as empresas de
navegação a suspender escalas e a desviar seus navios para outros
portos.
A entidade salienta ainda que os problemas de acesso do porto foram objeto de
reunião realizada há dois anos (02/10/2014) entre a diretoria da
entidade e os então superintendente e diretor técnico de Rio Grande,
ocasião em que as autoridades informaram que uma série de providências
visando a sanar as deficiências - e, desta forma, eliminando as
exigências - já estariam em curso.
Nenhuma dessas providências foi efetivada, relata a entidade em nota à
Redação. Elas incluiriam, entre outras, as seguintes medidas:
publicação, naquele mesmo ano de 2014, de edital de licitação para as
obras de dragagem; implementação do VTMS (Vessel Traffic Management
System), sistema que permite um tráfego seguro com efetivo monitoramento
das condições de navegação; e instalação de marégrafo, o que também
permitiria melhor planejamento e controle das manobras, graças ao
monitoramento de correntes, ventos e marés.
Na reunião de 2014, as autoridades do porto informaram ter
selecionado uma consultoria de Antuérpia (Bélgica) para a instalação do
VTMS e de um convênio com a UFRG para a implantação do marégrafo. Como esses projetos não avançaram, as restrições no Porto de Rio
Grande permanecem, o que dificulta as manobras e eleva os seus custos,
com o efeito negativo se propagando pela cadeia produtiva, diz a
entidade
Entre os custos adicionais decorrentes das exigências estão a
contratação de dois práticos para as manobras na bacia de evolução e de
lancha para as manobras de giro, em função da inexistência de boias de
sinalização, além da utilização remunerada de equipamento PPU (Portable
Pilot Unit) pelo segundo prático.
A situação tornou-se ainda mais grave porque a praticagem, em ofício
de 15 de dezembro, informou que deveriam passar a incidir as mesmas
exigências para navios a partir de 300 metros de comprimento, e não mais
de 307 metros, em função das restrições não sanadas.
Em sua carta, o Centronave pede à superintendência de Rio Grande que
agende o mais rápido possível uma reunião entre todas as partes
interessadas para discutir uma solução, tendo em vista a importância
daquele porto para o comércio exterior brasileiro. Deixa claro que, uma
vez que as restrições forem solucionadas, conforme prometido em 2014, os
custos operacionais e de praticagem voltarão a patamares de
normalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário