A contribuição positiva do setor externo para a economia, que
ocorre desde 2015, continuou perdendo ímpeto em outubro. Quando se olham
os dados da balança comercial por volume, na comparação com o mesmo mês
do ano passado, as exportações recuaram 17% e as importações, 0,8%,
conforme o Indicador Mensal da Balança Comercial, apurado pelo Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O resultado é mais um indício de que o PIB brasileiro deve
decepcionar no quarto trimestre. A contabilidade das exportações e
importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança
comercial. No PIB, entram bens e serviços, e as variações porcentuais
divulgadas dizem respeito ao volume. Na balança comercial, entram
somente bens e o registro é feito em valores, com grande influência dos
preços.
No acumulado do ano, o volume exportado aumentou 6,4% até outubro e
as importações caíram 5%, sinalizando ainda para uma contribuição
positiva para o PIB. No terceiro trimestre, entretanto, essa
contribuição já tinha reduzido o ritmo. Conforme os dados do PIB
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
na quarta-feira, as exportações de bens e serviços aumentaram 0,2%,
enquanto as importações recuaram 6,8%, em relação ao terceiro trimestre
de 2015. Só que no segundo trimestre, no mesmo tipo de comparação, as
exportações subiram 4,0%, enquanto as importações caíram 10,4%.
"O impacto positivo do setor externo está arrefecendo e vai
arrefecer ainda mais", disse Lia Valls, pesquisadora da área de Economia
Aplicada do Ibre/FGV. "No fundo, o País ajustou o setor externo porque
teve recessão", completou. A avaliação de que o impacto positivo do setor externo será menor
em 2017 se deve a um quadro em que, mesmo com a recessão continuando, a
variação do PIB será melhor do que a deste ano. Assim, as importações
não deverão cair tanto. Por outro lado, as exportações dificilmente
terão impulso.
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