A valorização recente do dólar parece ter despertado uma
antecipação de compras de bens importados. O País registrou um salto de
21,2% nas importações de bens de consumo duráveis e avanço de 13,8% nas
de bens de consumo não duráveis, em relação a novembro de 2015, conforme
dados do Indicador Mensal da Balança Comercial, apurado pelo Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O movimento sinaliza que as importações podem ter aumentado
antecipando o risco de uma desvalorização cambial associada às
incertezas domésticas e internacionais, na avaliação de Lia Valls,
pesquisadora da área de Economia Aplicada do (Ibre/FGV). "Por que teve um aumento tão grande, que não vinha ocorrendo antes?
Em novembro, teve um possível efeito da eleição de Trump (Donald Trump,
eleito presidente dos Estados Unidos), uma valorização do dólar. Então
pode ter antecipado um pouco a importação e bens, também estamos
próximos do Natal. A alta foi, principalmente, de automóveis de
passageiros e alimentos e bebidas para consumo doméstico. Existe uma
expectativa de desvalorização do câmbio e aumento de alíquotas de
imposto sobre bebidas", justificou Lia.
O câmbio teve uma desvalorização de 3,4% entre outubro e novembro,
lembrou Lia. Entre os bens de maior contribuição em volume no último mês
estão automóveis, fertilizantes, medicamentos e alimentos. Também houve
alta de 3,7% nas importações de bens de capital. Já as importações de
bens de consumo semiduráveis (-2,6%) e intermediários (-3,0%) mostraram
recuo.
No caso das exportações, houve aumento de 41,7% no volume de bens
de capital no mês de novembro está associado a duas plataformas de
petróleo, que somaram US$ 1,9 bilhões. As vendas de bens de consumo
duráveis cresceram 24,4%, impulsionadas pelas vendas de automóveis para a
Argentina (com 62% do total). As exportações de bens de consumo semiduráveis tiveram alta de
13,4% ante novembro do ano passado, enquanto os bens intermediários
avançaram 1,6%. O volume de bens de consumo não duráveis caíram 7,7%.
No acumulado do ano, todas as categorias de uso registram
crescimento das exportações: bens de capital (+33,2%), bens duráveis
(+27,6%), bens de consumo não duráveis (+3,6%), semiduráveis (+16,4%) e
intermediários (+3,2%). Nas importações, apenas bens de capital (+10,7%)
e bens de consumo não duráveis (+3,2%) não tiveram retração. O volume
importado de bens de consumo duráveis diminuiu 28%; bens de consumo
semiduráveis, -35,9%; e intermediários, -6,3%.
Em novembro, as exportações cresceram 17,5% e as importações
recuaram 9,1% em relação a igual período de 2015, levando a um saldo
comercial de US$ 4,8 bilhões. O desempenho das exportações foi liderado
pelas manufaturas que registraram aumento de 42% ante novembro do ano
passado.
A exportação de duas plataformas de petróleo no valor de US$
1,9 bilhões contribuiu para o resultado. Sem as plataformas, as
exportações teriam crescido 7,5%. No caso das importações, a queda foi
puxada pelas compras de combustíveis (-47%), seguida de bens de capital
(-22%).
No acumulado de janeiro a novembro, as exportações (-3%) e
importações (-22%) caíram na comparação com 2015 e o saldo comercial foi
de US$ 43 bilhões. A FGV estima que o saldo deve fechar 2016 em torno
de US$ 47 bilhões.
O Indicador Mensal da Balança Comercial replica o cálculo feito
pelo IBGE para obter o resultado das Contas Nacionais Trimestrais e
integra o conjunto de informações usadas para o cálculo do Monitor do
PIB da FGV. O índice está em desenvolvimento e entrará na grade de
divulgações da FGV após um período de possíveis ajustes de metodologia.
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