O primeiro lote de carne bovina in natura exportada pela JBS para os
Estados Unidos foi embarcado nesta sexta-feira, 23, no porto de Itapoá (SC), depois de ter deixado a unidade da companhia em Campo Grande (MS) no início da semana. O diretor de relações
com investidores da JBS, Jerry O'Callaghan, disse que as 25 toneladas
de cortes dianteiros - cujo preço ele não revelou - foram negociadas com
um "prêmio em relação aos outros mercados abertos ao Brasil".
Quatro unidades da empresa estão habilitadas para exportar ao mercado
norte-americano. "O que é interessante é que o Brasil nunca foi visto
como um país que tivesse condições sanitárias para vender (carne in
natura) para os EUA", comentou O'Callaghan. Para ele, o reconhecimento das
condições sanitárias no País resultou de um trabalho conjunto do setor
produtivo e do governo.
Brasil e Estados Unidos firmaram acordo para o início das exportações
de carne bovina in natura no fim de julho, após 17 anos de negociação.
Conforme o acertado, o Brasil disputará espaço na cota anual de 64,8 mil
toneladas que os EUA se dispõem a importar a cada ano. Dois
frigoríficos da Minerva, um em São Paulo e outro em Goiás, foram
autorizados na semana passada. Ontem, a Marfrig anunciou seu primeiro
embarque, a partir da unidade de Bataguassu, em Mato Grosso do Sul.
Sobre o longo processo de negociação e a rapidez nas primeiras
vendas, O'Callaghan esclareceu que no caso da JBS a empresa tem uma base
"grande" de clientes nos EUA. O executivo também destacou as
particularidades da carne brasileira. Ao contrário dos EUA, onde o
rebanho é criado em confinamentos e engordado com ração, no Brasil os
animais são criados na maior parte da vida no campo e se alimentam a
pasto, que dá um sabor característico ao alimento. "Há uma tendência de os consumidores buscarem uma carne mais natural e
isso é um atributo da carne brasileira que agrada", explicou.
Depois de conquistar o mercado norte-americano, a JBS está otimista
quanto as exportações gerais para este ano. Segundo O'Callaghan, após
fortes oscilações cambiais registradas no primeiro semestre, a tendência
é de menor oscilação do dólar em relação ao real.
"É importante entender que há poucas opções para se originar carne
bovina no mundo e o Brasil é uma delas", disse sobre o potencial do
produto brasileiro. Ele disse ainda que as projeções para este segundo
semestre são boas também em relação ao mercado interno. "Há uma
expectativa de retomada da confiança no mercado doméstico", analisou,
citando perspectivas mais otimistas para o Produto Interno Bruto (PIB),
entre outros indicadores econômicos do País.
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