A Companhia Docas do Estado de
São Paulo (Codesp), administradora do Porto de Santos, o maior da
América Latina, está envolta em divergências entre seus diretores, que podem atrasar as obras de expansão da VLI, empresa de
logística que tem a mineradora Vale (37,6%), a gestora canadense
Brookfield (26,5%) e a japonesa Mitsui (20%) como principais acionistas.
Nesta semana, uma parte da diretoria da autarquia deverá
analisar um relatório de técnicos da estatal que poderá aprovar ou não o
prosseguimento das obras de dragagem para a expansão do terminal da VLI. Na sexta-feira, o
martelo será batido de vez sobre o assunto, revelaram fontes ligadas ao complexo portuário santista.
O impasse ganhou força no início do mês, quando os diretores da
Codesp discordaram da posição do presidente da estatal, Alex Oliva, de
liberar definitivamente as obras de dragagem da VLI, que está investindo
cerca de R$ 3 bilhões para ampliar sua presença no porto.
A polêmica, segundo as fontes, é que para fazer as obras de dragagem -
necessárias para o terminal portuário receber navios de maior porte -
seria preciso escavar uma grande quantidade de lama, que poderia
estar contaminada com material tóxico, na região de Cubatão (litoral
paulista), e transportar para uma área cedida pela Codesp, que fica em
alto-mar e a cerca de 40 km dessa região. Parte da diretoria pediu mais
estudos de viabilidade de risco, mas o presidente da Codesp teria
autorizado a continuidade das obras.
Alex Oliva disse que houve um "mal entendido". Segundo ele, as
discussões sobre as obras de expansão da VLI ocorrem há pelo menos dois
anos. Em julho, a Codesp deu uma pré-autorização para as obras de
dragagem. "A expectativa era de que a homologação se tornasse
definitiva."
O presidente afirmou que uma parte dos diretores pediu mais prazo para
aprovar as obras para dragagem. "Essas discussões ocorrem há muito tempo
e a VLI contratou uma empresa que está acompanhando todo esse processo
que não é nocivo ao meio ambiente", relatou.
Esta semana, de acordo com o presidente da Codesp, a diretoria vai
reavaliar se as obras podem continuar ou não. "Mas as obras não estão
paradas", garantiu. Uma fonte próxima aos outros diretores contou que o
objetivo não é barrar a expansão da VLI, mas tomar medidas mais
cautelosas. A VLI não quis comentar a discussão envolvendo a polêmica da Codesp.
As obras de ampliação do Tiplam (Terminal Integrador Portuário Luiz
Antonio Mesquita) é uma das maiores em curso no segmento portuário
privado e permitirá que o porto amplie seus volumes de escoamento dos
produtos movimentados (fertilizantes, enxofre e amônia) e passe também a
exportar grãos e açúcar. A conclusão das obras está prevista para 2017. O volume movimentado
saltará dos atuais 2,5 milhões de toneladas anuais para 15 milhões.
As obras para de dragagem do Canal de Piaçaguera começaram em 2013 e
atualmente têm cerca de 90% dos trabalhos concluídos, segundo a empresa.
O projeto de expansão do Tiplam obteve autorização dos órgãos
competentes, como Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(Cetesb) e Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e foi
chancelado como prioritário pela Secretaria de Portos (SEP). A VLI informou
que obteve em julho anuência prévia da Codesp para as obras de dragagem.
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