O Governo Federal vai receber até o final do mês uma
série de propostas encaminhadas por seis entidades representativas para impulsionar investimentos
nos portos brasileiros e eliminar a burocracia no setor. Entre as
medidas que serão sugeridas, estão um modelo para a concessão da
dragagem e a revisão de decretos e resoluções publicados nos últimos
anos.
A Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), a Associação
Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), a Associação Brasileira dos
Terminais de Líquidos (ABTL) e a Associação Brasileira dos Terminais de
Contêineres de Uso Público (Abratec), além da Associação de Terminais
Portuários Privados (ATP) e da Associação Brasileira de Terminais e
Recintos Alfandegados (Abtra), estão envolvidas no trabalho.
As entidades pretendem avaliar todos os gargalos e propor melhorias a
um grupo de trabalho criado pela União para destravar investimentos no
setor portuário. Nessa equipe, estão representantes do Ministério dos
Transportes, Portos e Aviação Civil, da Casa Civil, do Programa de
Parcerias de Investimentos (PPI), da Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq) e de outros órgãos do Governo Federal.
Entre as questões estudadas pela iniciativa privada, está a
dificuldade que o Governo enfrenta para contratar a dragagem do Porto de
Santos. As entidades pretendem encaminhar uma proposta para a concessão
do serviço.
O modelo ainda está em estudo, mas segue os padrões já debatidos em
audiências públicas no ano passado. Na ocasião, a concessão da dragagem
dividiu opiniões, principalmente pelo reflexo que tal medida teria nas
finanças das administrações portuárias, que não realizariam mais essas
obras e teriam de reduzir o valor das tarifas de manutenção da
infraestrutura aquaviária. Com isso, sua receita seria reduzida
sensivelmente.
“Não podemos olhar só a árvore. Temos que olhar a floresta inteira. É
preciso buscar uma solução e privatizar a dragagem seria uma delas, mas
aí também é preciso buscar uma solução para as Docas”, explicou o
diretor da ABTP, Wilen Manteli. O presidente da Fenop, Sérgio Aquino,
tem a mesma opinião.
“O que temos hoje é um modelo anacrônico, que não
tem agilidade de contratação e nem sustentabilidade financeira. Estamos
estudando o modelo de concessão condominial ou através de uma
licitação”, explicou.
TUPS
“Aproveitando o discurso do novo governo de garantir a livre
iniciativa e aumentar a segurança jurídica, enviaremos uma proposta não
para alterar a lei, para corrigir normais infralegais, questões de
interpretação”, afirmou Wilen Manteli.
Neste caso, o diretor da ABTP se refere à portaria que limita a 25% a
expansão de áreas em Terminais de Uso Privado (TUPs). Os empresários
entendem que não há motivo para que o Governo limite essa expansão.
“A longa via crucis para a antecipação das renovações de contratos de
arrendamento e ampliações de áreas são outro ponto que estamos
avaliando”, disse o representante dos terminais.
Hoje, 35 pedidos de renovação de concessões portuárias estão em
tramitação no Governo Federal. Entre eles, há solicitações de
prorrogações e de reequilíbrio econômico-financeiro. Segundo Manteli,
até agora, apenas nove solicitações de renovação antecipada de contrato
foram atendidas e geraram programas de investimentos de cerca de R$ 8
bilhões – a serem realizados no setor nos próximos anos.
A cobrança de taxa de espelho d’água – pela utilização da área
marítima do terminal – feita pela Secretaria de Patrimônio da União
(SPU) também é outro ponto a ser discutido pela iniciativa privada. “São
questões absurdas, que ainda não foram resolvidas, apesar da pressão
desde que essas regras foram criadas. Elas causam burocracia e custos ao
setor”, afirmou Manteli.
Nenhum comentário:
Postar um comentário