O comércio entre Brasil e Chile caiu nos últimos anos, preocupando os empresários brasileiros, já que o Chile é o
segundo principal destino de investimento das indústrias nacionais,
sétimo principal destino de exportação e o 13º maior fornecedor de
insumos. Por isso, a Camex (Câmara de Comércio Exterior) decidiu examinar a possibilidade de pôr fim ao
acordo de transporte marítimo entre as duas nações, que criou um
duopólio na rota Brasil-Chile-Brasil. Em rotas mais distantes, mas sem
acordo de exclusividade, como Brasil-Equador ou Brasil-Peru, há pelo
menos 30 navios com custos que chegam a ser 40% menores.
O acordo
foi assinado em 1974, quando havia a necessidade de estimular a
indústria nascente de armadores, mas hoje só duas empresas, multinacionais, operam a rota, com
oito navios.
Atualmente, do total de mercadorias brasileiras exportadas para o Chile,
54,44% usam modal marítimo. E 69,19% das importações de produtos
chilenos chegam ao Brasil pelo mar.
Para o diretor de
Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Carlos Eduardo Abijaodi, essa é a oportunidade de o governo mostrar ao
setor privado que o discurso para a expansão do comércio exterior está
afinado com suas ações. A Confederação entende que a Camex deve pôr um
fim a esse acordo que garante reserva de mercado e denuncie o Tratado de
Transporte Marítimo.
“O acordo criou um privilégio e um mecanismo de
transferência de renda do exportador e do importador brasileiro para o
transportador. O governo tem a chance de acabar com este acordo que tem
vários efeitos negativos para o comércio exterior. Os exportadores
sofrem com fretes elevados, ausência de navios e falta de oferta em
horários adequados. A denúncia do acordo é um passo a favor da
competitividade e da concorrência”, disse o diretor.
Uma pesquisa da
CNI, com 847 empresas exportadoras, apontou que o custo do transporte é
o principal desafio à competitividade das exportações brasileiras. O
elevado preço do frete explica, em parte, o porquê de o Brasil ser uma
das dez maiores economias globais, mas participar de apenas 1,2% do
volume mundial de exportações de bens.
O
acordo prevê que apenas navios de bandeira brasileira ou chilena podem
operar na rota Brasil-Chile-Brasil e prejudica mais de 3,6 mil
exportadores brasileiros e quase 1,2 mil importadores de setores
importantes da economia nacional como automotivo, máquinas e
equipamentos, cerâmica, papel e celulose, metais, cosméticos e higiene e
agronegócio.
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