A indústria naval e offshore no Brasil, mesmo em meio a um período de revisão de rumos e planejamento para
superar desafios, pretende retomar aos níveis ostentados até pouco tempo. A expectativa para que isso ocorra, segundo lideranças do setor, repousa na
necessidade de rever normas técnicas e reduzir impostos e taxas cobradas
nos estaleiros para que o resultado seja uma melhor e maior
competitividade.
O diretor de Relações
Institucionais da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro), Marcio Fortes, disse acreditar no potencial para assumir novas demandas e voltar a gerar empregos e desenvolvimento para o país. Ele defendeu que a indústria naval reveja o papel que a
Petrobras tem na sustentação do setor e foque em uma maior presença no
mercado externo.
“O segmento sofre com a vinculação excessiva à
Petrobras e deixa de aproveitar outras oportunidades como a cabotagem.
Outra questão é ampliar as competências para fomentarmos a
competitividade internacional. Com isso, podemos falar em retomada”, criticou o empresário.
O Gerente do Departamento de Gás, Petróleo e Bens de
Capital do Bndes (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luiz Marcelo Martins, destacou que, além da cabotagem, a
pesca é outro campo promissor. “É um momento desafiador para a
indústria naval, que no Brasil sempre andou muito de mãos dadas com o
petróleo e gás, um segmento muito cíclico em todo o mundo. Por conta
disso, acredito que este ano e o próximo serão dedicados ao
planejamento, uma boa oportunidade para avaliar novos rumos para setor,
que pode ampliar seu campo de atuação”, relatou.
O
superintendente da Onip (Organização Nacional da Indústria do
Petróleo), Alfredo Renault, observou que a efetividade da
pulverização geográfica na expansão da indústria naval brasileira também
deve ser discutida pelo setor. “É importante refletirmos se este foi o
caminho correto, ao invés de concentrarmos a produção em poucos
clusters, já estruturados com toda a cadeia de fornecimento e serviços”,
explicou.
Renault fez, no entanto, uma previsão positiva para
2017: “Acredito que o próximo ano será positivo para o setor de
petróleo, refletindo, consequentemente, na indústria naval. Haverá uma
maior abertura para o capital privado, com os novos leilões previstos
para o pré-sal, tornando o segmento mais dinâmico”.
Executivos
destacaram ainda que que é preciso pensar no reparo naval como um fator
estratégico para o país.
O superintendente do Estaleiro Renave (Empresa
Brasileira de Reparos Navais), Luiz Eduardo Campos de Almeida, defendeu
essa posição e recordou que, recentemente, três embarcações que
encalharam no Brasil foram reparadas em outros países como a China, por
conta do custo. “Para termos um mercado de reparos navais competitivo
precisamos rever os obstáculos como os altos custos portuários, por
exemplo. Se o armador souber que o reparo em estaleiros do Rio tem valor
competitivo, vai ampliar as rotas de navegação por aqui, fomentando o
mercado”, apontou.
Além disso, a necessidade
e formação de mão de obra e a revisão de políticas como a de Conteúdo
Local (CL) são ações que precisam, na opinião dos executivos serem
implantadas no Estado do Rio de Janeiro. “Neste aspecto precisamos ver
quais são as nossas vocações e depois pensar no que somos competitivos
dentro das necessidades da indústria”, disse Marcelo Dreicon, assessor
de Planejamento e Gestão Estratégica da Codin (Companhia de
Desenvolvimento Industrial do Rio de Janeiro).
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