A Petrobras decidiu focar sua gestão na redução do endividamento
da empresa, mas a companhia vem sendo alvo de questionamentos por
algumas entidades a respeito dos critérios para afretamento de
embarcações estrangeiras. Segundo algumas entidades, "a ação traz
para as águas brasileiras as piores práticas trabalhistas, colocando
marítimos em situação de aflição, abandonados em um país distante pelo
armador, sem receber salários e até mesmo sem alimentação adequada".
O
Sindimar (Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante) e a
CONTTMAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes
Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos) já mandaram denúncias ao
TCU (Tribunal de Contas da União) solicitando providências para que a
estatal revise os critérios de afretamento de embarcações offshore e
navios petroleiros, de forma a garantir que os armadores contratados
operem dentro das normas.
A estatal já vem sendo chamada
pela justiça brasileira para reparar danos causados como corresponsável
solidária em flagrante situação de “dumping laboral”, a qual expõe os
trabalhadores a condições "desumanas" para baixar custos. De acordo com o
Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, “está evidente que o
critério de menor preço utilizado na escolha de empresas estrangeiras
que desrespeitam a legislação brasileira não possibilitará à estatal
estabelecer uma condição sustentável e muito menos a garantia de
trabalho decente para marítimos nacionais”.
No ofício
enviado ao TCU, o presidente da CONTTMAF e do Sindmar, Severino Almeida
Filho, argumentou que a Petrobras afreta navios, a elevados preços de
mercado, a empresas estrangeiras de baixo padrão que desrespeitam a
legislação trabalhista, as normas de segurança e a legislação ambiental
brasileiras. “Algumas empresas sequer têm endereço certo, e
operam sob bandeiras piratas, o que impede que sejam acionadas por
ilícitos e danos causados. Além disso, algumas embarcações têm valor
econômico tão baixo que, por vezes, este sequer cobre dívidas
operacionais e indenizações por eventuais danos materiais, incluindo os
ambientais”, criticou ele.
A partir da natureza global da indústria
marítima, os trabalhadores deste setor necessitam de proteção especial
efetiva. Isto é reconhecido pela própria indústria marítima, pelas
organizações de trabalhadores e por organizações internacionais como a
OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a IMO (Organização
Marítima Internacional). De acordo com as entidades, o descaso nas
relações de trabalho acaba afetando a segurança das operações das
embarcações e traz, como consequência, riscos às pessoas, ao próprio
navio, à sua carga e ao meio ambiente.
A Confederação
alertou ainda para a clara probabilidade de novos prejuízos ao Erário,
como os decorrentes do possível acolhimento pela Justiça do Trabalho de
pleitos dos trabalhadores nacionais e estrangeiros das empresas sub
standard, e requer do TCU que este proceda às diligências pertinentes e
execute, entre outras medidas, a aplicação de multa aos infratores.
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