A diferenciação é um fator fundamental nos serviços logísticos terceirizados, utilizada como trunfo por
operadores e armadores. Ao longo dos anos, os operadores logísticos desenvolveram
um arsenal de itens que os diferenciam, desde a tecnologia até a
flexibilidade, cobertura e, eventualmente, atendimento altamente
especializado.
Os armadores, por outro lado, são
vistos pelo público em geral como empresas que vão na direção oposta, em
pleno cenário no qual quase toda a carga (especialmente na rota
Ásia–Europa e na do Transpacífico), tem sido carregada em navios
pertencentes a alianças entre companhias marítimas, as quais, devido ao
tamanho e à eficiência, escalam em poucos portos e navegam a velocidades
extremamente reduzidas.
Apesar de ainda manterem seus
preços individualizados, mesmo quando a operação é feita por meio das
grandes alianças (seguindo leis anticartel, entre outros motivos), um
analista da publicação American Shipper entende que, de um ponto de vista
mais lógico, se uma série de empresas oferecem basicamente o mesmo
produto ao mesmo mercado – altamente competitivo, diga-se de passagem –
seus preços tendem a ser muito semelhantes.
Outros fatores
também influenciam para a homogeneização de preços, como as normas de
transparência, os índices internacionais como o SCFI (Shanghai
Containerized Freight Index) e o NCI (Ningbo Container Index), e as
novas plataformas de negociação como Xeneta, que concentram e divulgam
tarifas.
A questão levantada pela American Shipper, no
entanto, diz respeito aos outros fatores relacionados ao serviço
prestado pelo armador: quais deles ainda estão de fato nas suas mãos,
que justifiquem tarifas mais altas ou mais baixas para o frete de um
container?
Tradicionalmente, os três principais
determinantes para a escolha do embarcador são preço, portos atendidos e
transit times. Outros fatores, tais como valor da marca, reputação,
monitoramento da carga, atendimento ao cliente e interações anteriores
são considerados de menor peso.
Tão
relevante para a escolha do serviço, no entanto, hoje o transit time
para um percurso clássico como a rota Ásia – América do Norte, por
exemplo está muito maior do que em 2009. De Xangai à California, a média
da viagem, que levava por volta de 13,57 dias em 2009, hoje está em
15,7 dias. O mesmo acontece na rota inversa, que aumentou de 19,23 dias
de duração ao final de 2008 para 23,28 dias em 31 de agosto de 2016.
Some-se a isso a redução de opções de rotas nos últimos anos: hoje, há
apenas 18 serviços de Xangai a Long Beach, contra 22 em 2009.
Apesar
do cenário, com menos opções e maiores transit times, a velocidade dos
serviços poderia ser um grande diferencial nas negociações. E, no
entanto, a situação é ligeiramente mais complicada, como explica o
American Shipper: “com menos serviços e menos opções para o embarcador, a
disparidade entre o serviço mais lento e o mais rápido também cresceu
bastante no período avaliado”. Em 2008, as rotas mais ágeis de Xangai a
Long Beach eram de 11 dias, e as mais rápidas, de 15 dias, ou seja: o
embarcador tinha quatro dias de diferença para escolher. Hoje,
entretanto, o percurso mais rápido chegou a 10 dias, porém o mais lento
já conta 27 dias de viagem, o que aumentou a discrepância de quatro para
dezessete dias entre um serviço e outro. “É bem difícil imaginar um
cenário em que as tarifas marítimas consigam ganhar um status verdadeiro
de commodity com preços padronizados, independentemente de seu
conteúdo, armador ou embarcador. Porém, não se pode negar que a
indústria já se aproxima dessa realidade.
A
publicação sugere que o cenário econômico global deixa pouca margem
para diferenciação de serviços e preços, porém que os armadores devem se
manter atentos aos transit times de seus serviços. “Se há um fator no
qual o armador pode se basear para impulsionar seu poder de negociação e
precificação, em um mercado extremamente delicado e competitivo, os
transit times são seu grande aliado”, conclui o American Shipper.
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