O Governo Federal decidiu repassar à iniciativa privada a gestão da
dragagem dos portos brasileiros. A ideia é transferir o serviço no
segundo semestre do próximo ano, inicialmente nos grandes complexos
marítimos do País, como Santos, Paranaguá (PR) e Rio de Janeiro.
A nova estratégia de Brasília para melhorar a infraestrutura
portuária nacional foi revelada pelo
secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação
Civil, Fernando Fortes Melro Filho.
Segundo ele, o Governo repassará a gestão dos
serviços de dragagem de todos os portos para empresas.
Será uma forma de
reduzir os gastos públicos. “É uma decisão do Governo. Os serviços de
dragagem serão privatizados. Por ano, investimos R$ 1 bilhão com
dragagem. Então vamos repassar para a iniciativa privada”, afirmou Melo Filho.
Atualmente, apenas a execução da dragagem é realizada por empresas
particulares, mas seu gerenciamento e licitação são responsabilidades do
poder público. Em Santos, a obra para a manutenção da profundidade da
via de navegação e dos berços de atracação é administrada pela Companhia
Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária), enquanto
a atividade de aprofundamento cabe ao Ministério.
Mas, tanto a Codesp como a pasta federal, têm encontrado
dificuldades para licitar os trabalhos, um processo que muitas vezes
acaba gerando disputas na Justiça e demorando anos para ser concluído. A
concorrência pública promovida por Brasília para contratar a dragagem
do cais santista, por exemplo, foi iniciada há mais de dois anos e, até
agora, o serviço não foi iniciado.
Melro Filho explicou que a estratégia faz parte dos planos de redução de gastos do Governo Federal
De
acordo com Melro Filho, técnicos da pasta dos Transportes já estudam o
modelo de concessão a ser implantado, analisando quais serão as
responsabilidades da iniciativa privada e do poder público nesse futuro
cenário e, principalmente, como ficarão as finanças das companhias docas
com essa mudança.
“A concessão vai ser feita. Só estamos definindo como
será esse modelo. Mas será semelhante à concessão que fizemos para a
manutenção das rodovias. Temos apenas que definir os detalhes”, citou.
Entre “os detalhes” a serem acertados, um dos principais envolve a
saúde financeira das administrações portuárias. No caso da Codesp, a
tarifa cobrada para a manutenção da infraestrutura aquaviária (utilizada
para custear os gastos com a dragagem) é uma das principais fontes de
receita da empresa.
Questionado sobre como ficará a aplicação dessa
tarifa após a concessão, o secretário-executivo explicou que certamente
haverá mudanças, principalmente porque a firma que assumir o serviço já
vai cobrar das empresas do Porto um valor a fim de custear a atividade. Devido aos atuais debates sobre seu modelo, o ministro não considerou
possível realizar essa mudança ainda neste ano ou no início do próximo.
Mas acredita que a medida pode ser adotada no segundo semestre de 2017
e, inicialmente, nos principais portos do País, entre eles, Santos.
As discussões sobre a concessão da gestão do serviço de dragagem nos
complexos marítimos começaram no primeiro semestre do ano passado,
quando o então ministro dos Portos, Edinho Araújo, começou a analisar
essa possibilidade com a iniciativa privada. Um ano depois, diante das
dificuldades do Governo para concluir as licitações desses trabalhos e
viabilizá-los, empresários do setor passaram a estudar modelos para
privatizar a administração da tarefa.
Durante a 14ª edição do seminário Santos Export – Fórum Internacional
para a Expansão do Porto de Santos, realizado pelo Grupo Tribuna no mês
passado, em Santos, empresários do setor ligados ao evento apresentaram
cinco modelos de concessão da dragagem do Porto de Santos. Havia a
opção condominial, os formatos inglês e uruguaio e ainda a alternativa
com desconto e a que envolve a outorga do serviço.
Presente no painel do Santos Export que debateu a concessão da
dragagem, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(Antaq), Adalberto Tokarski, defendeu a medida. Meses antes, em uma
reunião no Palácio do Planalto com empresários do Porto de Santos
ligados à organização do seminário, o ministro-chefe da Casa Civil,
Eliseu Padilha, também tinha apoiado a estratégia.
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