A Drewry Maritime
Research publicou artigo apontando que a concordata da Hanjin representa o fundo do poço
para a indústria da navegação de contêineres, e que, apesar de as
preocupações com o enfraquecimento do mercado e com a supercapacidade
das frotas continuarem significativas, a partir de agora, já se pode
esperar uma recuperação gradual do mercado. A avaliação tem por base o
mais recente relatório anual do instituto, o Container Forecaster and
Review 2016/17.
Depois dos resultados do segundo
trimestre de 2016, que ficaram bem abaixo do esperado, o relatório
aponta para um segundo semestre mais ameno. Ainda assim, a Drewry prevê
que, juntos, os armadores de containers ainda devam bater o recorde de
prejuízo operacional de US$ 5 bilhões neste ano.
“Nossa previsão é de
que a indústria recupere a lucratividade no ano que vem, graças às
melhoras obtidas nas tarifas de frete, e no ligeiro aumento dos volumes
de carga, atingindo um lucro operacional, ainda que modesto, de US$ 2,5
bilhões em 2017”, declara a publicação.
A recuperação, no
entanto, deve ser posta em perspectiva: enquanto de fato se espera uma
melhora na média dos fretes para o ano que vem, ela virá após uma
sequência de números negativos, e ainda deverá deixar os preços bastante
abaixo da média registrada em 2015. A incerteza ainda reinará sobre a
navegação comercial, que já se consagrou como uma atividade imprevisível
e capciosa. O fim da Hanjin pode marcar um divisor de águas nesse
sentido, porém a complacência das companhias diante dos riscos de
insolvência ainda pode mudar.
Para compor a situação, os
preços do combustível também vêm aumentando, o que tem deixado os
armadores extremamente preocupados com os custos. Isso pode significar
tarifas de frete mais altas, por meio de mecanismos de sobretaxa de
bunker, porém também aumenta os custos operacionais.
Pesam
do lado positivo as encomendas de novas embarcações, relativamente
estabilizadas, e o rápido crescimento do scrapping. Ainda assim – alerta
a Drewry – “os dois próximos anos ainda devem trazer uma série de
desafios do lado da cadeia de suprimentos, com um crescimento anual da
frota em cerca de 5% a 6%, e uma quantidade significativa de
porta-containers ultra grandes (ULCVs) prestes a ser entregues”.
Como
reação, a indústria vem se consolidando rapidamente, “mais como
necessidade do que por planejamento”, avalia a Drewry, afirmando que os
armadores que conseguirem transpassar a tempestade deverão emergir ainda
mais fortalecidos por volta de 2019/2020.
De
acordo com Neil Dekker, diretor de Pesquisas relacionadas ao mercado de
containers da Drewry, “a falência da Hanjin vem culminar uma sequência
de anos de más decisões comerciais e gerenciamento inadequado, porém não
apenas por parte da Hanjin, mas pela indústria como um todo”. Ele
afirma que a situação veio para mostrar falhas, como a
insustentabilidade dos fretes praticados ultimamente, a fraqueza de
algumas negociações contratuais e o desejo de se agarrar a fatias de
mercado a qualquer custo.
Ele acrescenta que a equação está encontrando
novamente o seu equilíbrio, e que o mercado spot tem contribuído com
alguns sinais de recuperação para a indústria. “O desafio árduo para
2017 será ver como os armadores vão lidar com as negociações contratuais
com os embarcadores no novo cenário”, conclui Drekker.
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