A Administração dos Portos de Nova Iorque e Nova Jersey, na disputa pelos novos navios que passaram a navegar pela costa leste
dos Estados Unidos, após a ampliação do Canal do Panamá, está investindo US$ 4,4 bilhões em um pacote de obras para melhorar sua
infraestrutura. Entre as intervenções, estão o aprofundamento de seu
canal de navegação, a elevação de uma ponte rodoviária e a melhoria de
sua logística, com a construção de ramais ferroviários em terminais
portuários e de uma instalação intermodal. A ideia é manter o complexo, o segundo do país em movimentação de contêineres, como o mais importante da costa do Atlântico.
“Somos o mais importante porto da costa leste dos Estados Unidos e
vamos manter essa posição. Esses novos navios têm de ter condições de
atracar aqui e estamos providenciando isso. E se há esse investimento é
porque aqui, esses recursos têm retorno garantido”, afirmou o
diretor-assistente do setor de Desenvolvimento de Negócios do Porto, do
Departamento de Comércio Portuário da Autoridade Portuária de Nova
Iorque e Nova Jersey (APNINJ), Sam Ruda.
O executivo apresentou a estratégia comercial do complexo
norte-americano a empresários e autoridades do Porto de Santos na manhã
de ontem, durante visita do grupo aos escritórios da APNINJ na zona
portuária de Nova Jersey. A viagem complementa a programação da edição
deste ano (a 14ª) do Santos Export – Fórum Internacional para a Expansão
do Porto de Santos. O seminário, realizado pelo Grupo Tribuna e pela
Una Marketing de Eventos, aconteceu no mês passado, no Mendes Convention
Center, em Santos.
Na apresentação à comitiva do Santos Export, Ruda destacou o programa
de dragagem de aprofundamento do complexo, concluído no mês passado e
financiado pelo governo federal, a um custo de US$ 2,1 bilhões. No
total, 38 milhas náuticas (70,4 quilômetros) de seus canais de navegação
foram dragadas de 45 pés (13,7 metros) para 52 pés (15,84 metros) de
profundidade – 50 pés (15,24 metros) previstos em projeto mais dois pés
(0,6 metro) de margem de segurança. Com essas dimensões, os acessos
aquaviários permitem a navegação de navios de até 18 mil TEU (unidade
equivalente a um contêiner de 20 pés).
Esse tipo de embarcação, tradicionalmente utilizada no transporte de
cargas entre o Extremo Oriente e a costa oeste dos Estados Unidos, pelo
Oceano Pacífico, ampliará suas escalas nos portos do Oceano Atlântico – e
da costa leste norte-americana – com a conclusão, em junho passado, das
novas eclusas do Canal do Panamá, que permitem a navegação de navios de
maiores dimensões. Cargueiros maiores já eram recebidos nos terminais
de Nova Iorque e Nova Jersey – em março do ano passado, o Zim Tianjin,
de 10 mil TEU, atracou nas instalações do Global Container Terminal
(GCT) – mas eram viagens esporádicas e eles vinham pelo Canal de Suez
(que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo).
“Esses grandes navios, de 14 mil TEU, 18 mil TEU, vão começar a vir
com maior frequência para o Atlântico e nós temos de garantir que eles
venham para cá. Somos o maior porto da costa. É nossa obrigação estarmos
prontos para recebê-los”, afirmou o representante da Autoridade
Portuária.
Ajuste de pontes
Além do aprofundamento, o Porto de Nova Iorque e Nova Jersey investe
no ajuste das pontes construídas sobre seus canais de navegação,
ampliando seus vãos de modo a permitir a passagem desses grandes navios.
O principal projeto é a elevação da Ponte Bayonne, que liga a região de
Staten Island (Nova Iorque) à zona portuária de Bayonne (Nova Jersey). A
obra, que demanda investimentos de US$ 1,3 bilhão, teve início no ano
passado e deve ser concluída no final de 2017. Seu grande diferencial é
que a maior parte da estrutura da ponte, construída em aço nos anos 30,
está sendo aproveitada. Ela ganhará novos acessos rodoviários, mais
altos, e sua pista foi elevada em 64 pés (19,5 metros), até atingir 215
pés (65,5 metros) do nível do mar. E todo esse trabalho é feito enquanto
a pista original permanece aberta à circulação de veículos. Segundo Sam Ruda, apenas após a entrega da via superior é que a parte inferior será desmontada.
O programa de melhorias da administração portuária ainda prevê a
expansão de sua malha ferroviária, com a construção de ramais em
terminais de contêineres. O objetivo é ampliar a participação do modal
nas operações do complexo. Atualmente, 16% dos contêineres movimentados
entre a região e o interior do país são transportados em vagões. Nos
próximos cinco anos, esse índice deve crescer para 20%. Segundo o
diretor-assistente, aumentar a utilização ferroviária é uma das
“principais estratégias” da Autoridade Portuária de Nova Iorque e Nova
Jersey (APNINJ).
“Buscamos expandir o transporte ferroviário pois ele é estratégico,
tem menor custo e menos impacto (ambiental). É um compromisso nosso, que
pode ser comprovado tanto nos novos ramais como no novo terminal
intermodal que será implantado”, explicou o diretor-assistente do setor
de Desenvolvimento de Negócios do Porto, do Departamento de Comércio
Portuário da APNINJ , Sam Ruda, referindo-se à instalação a ser
construída para o embarque e desembarque de contêineres em composições
ferroviárias na área do porto.
O programa de Nova Iorque e Nova Jersey para atrair os grandes navios
ainda envolve a otimização de sua gestão e dos procedimentos de
liberação de cargas. Para isso, a Autoridade Portuária criou um grupo de
trabalho, formado por autoridades e empresários locais, para analisar e
propor mudanças no cotidiano do complexo.
Após a reunião nos escritórios do porto em Nova Jersey, a comitiva do
Santos Export conheceu dois de seus terminais de contêineres na região.
Foram visitados o GCT Bayonne e o Port Newark Conteiner Terminal. Ambos
contam com operações semiautomatizadas, com sistemas de automação em
seus pátios de carga.
A programação do grupo no Porto de Nova Iorque e Nova Jersey continua
hoje, com reuniões com consultores portuários. Pela manhã, está
previsto um encontro com a equipe da Aecom, para debater estratégias de
proteção da infraestrutura portuária diante do aumento do nível do mar
previsto para este século. À tarde, a comitiva será recebida por
especialistas da EagleRail, que apresentará novas tecnologias na
movimentação de contêineres.
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