Agentes do Ministério do Trabalho e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) denunciaram armadores que têm embarcações afretadas pela Petrobras de descumprirem a legislação brasileira em relação impondo condições de trabalho aviltantes aos seus tripulantes, nacionais e estrangeiros.
A situação foi constatada por inspeções que comprovaram atrasos nos salários, falta de equipamentos de segurança apropriados, passando por rancho de má qualidade ou em quantidade insuficiente.
As embarcações de bandeira estrangeira contratadas pela estatal têm sido
denunciada desde agosto pelo Sindmar (Sindicato Nacional dos Oficiais da
Marinha Mercante) e pela Conttmaf (Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos
Portos) por conta dessas irregularidades. Elas cobram providências imediatas.
Segundo as entidades, as infrações colocam em risco a vida humana, a
segurança da navegação e o ambiente. O descumprimento da cota de
tripulantes brasileiros a bordo, como determina a Resolução Normativa
72, do Conselho Nacional de Imigração do Ministério do Trabalho, é uma
das irregularidades mais graves verificadas. Há registros também de
discriminação com tripulantes brasileiros, acomodados em camarotes
inferiores aos destinados a estrangeiros com mesma função ou patente.
Uma
das situações referentes ao percentual obrigatório de brasileiros a
bordo, as empresas citam o armador turco Eco Shipping, que abandonou a
tripulação, deixando de pagar os seus salários. O navio está, por
determinação da Justiça, sob a guarda da Petrobras, até que seja
leiloado. O armador foi acionado a pagar à tripulação turca os mesmos
direitos dos marítimos brasileiros, incluindo férias, 13º salário, FGTS e
multa rescisória, além de responder por danos morais.
“Esses
navios estão sendo afretados de forma pouco criteriosa, ou com base
apenas no parâmetro "menor preço", que ainda assim é demasiadamente
elevado, sobretudo se considerado o baixo padrão verificado”, dizem as
associações que fizeram a denúncia, chamando ainda os armadores de
“irresponsáveis e “que violam direitos e infringem a Lei”.
De
acordo com a Conttmaf, em agosto a denúncia foi protocolada no TCU
(Tribunal de Contas da União) contra a Petrobras, em virtude de a
empresa estar realizando afretamentos de navios estrangeiros "que
infringem a legislação brasileira bem como Convenções Internacionais
ratificadas pelo Brasil".
Seis dias depois, a Confederação
também protocolou um ofício à Antaq (Agência Nacional de Transportes
Aquaviários) informando que "a Petrobras vem afretando embarcações de
bandeira estrangeira de apoio marítimo e navios tanques sem a necessária
observância da legislação nacional" e das Convenções das quais o Brasil
é signatário.
Nos ofícios encaminhados a Conttmaf e o
Sindmar alertam para a clara possibilidade de recorrentes prejuízos ao
Erário em consequência de afretamentos de navios operados por empresas
conhecidas no mercado como sub standard (de padrão de qualidade
duvidoso). E segundo associação e a confederação, esses prejuízos já
começaram.
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