A Venezuela rebateu ontem o que chamou de ameaças do Brasil e da
Argentina, uma referência às afirmações dos presidentes Michel Temer e
Mauricio Macri de que o país tem até primeiro de dezembro para se
adequar às normas do Mercosul. “A República Bolivariana da Venezuela, no
exercício legítimo da presidência 'pro tempore' do Mercosul, rejeita as
ameaças e agressões proferidas pelo presidente da República Argentina,
Mauricio Macri, e pelo presidente 'de facto' da República Federativa do
Brasil, Michel Temer, que persistem em suas ações para implodir e
destruir o Mercosul", informou o comunicado publicado pelo governo de Nicolás
Maduro.
Na segunda-feira, em visita a Buenos Aires, Temer também afirmou
ter esperança de que Caracas cumpra os requisitos nos próximos dois
meses e possa se integrar definitivamente ao bloco - apesar de ser senso
comum que as chances de isso ocorrer são mínimas. Macri foi mais duro e
frisou que, se o país não regularizar sua situação, deixará de ser um
membro "ativo".
No comunicado, o governo de Maduro diz ter incorporado, em quatro
anos, as normas do bloco com mais eficácia do que Brasil e Argentina o
fizeram nos últimos 25 anos. Entre as principais regras que os países
afirmam que a Venezuela não cumpriu estão as de respeito a direitos
humanos e as de integração ao mercado econômico.
Para Caracas, a alegação de que o país não segue os requisitos se
trata, na verdade, de "intolerância política e ideológica dos governos
de direita". Dos países do Mercosul, apenas o Uruguai não é acusado no
documento. "A Tríplice Aliança, formada pelos governos de Argentina,
Paraguai e 'de facto' de Brasil, atenta contra a estabilidade do bloco
de integração econômica, comercial e social, rejeita e mina o potencial
produtivo de nossos países e afeta a projeção deste bloco nos mercados
internacionais."
O Uruguai foi o único país que defendeu, inicialmente, que a
presidência do Mercosul fosse transferida para a Venezuela em julho,
como deveria ocorrer se a regra de rotação da liderança por ordem
alfabética fosse seguida. Paraguai, Brasil e Argentina, no entanto, se opuseram a Maduro com a
justificativa de que seu governo não respeita direitos humanos,
mantendo presos políticos de oposição. Montevidéu acabou concordando, no
mês passado, de dar um prazo até dezembro para que Caracas cumpra as
normas. Na segunda-feira, o chanceler brasileiro, José Serra, afirmou
que a crise já foi resolvida com o estabelecimento desse novo prazo e
que a Argentina deverá assumir o comando do bloco em dezembro. Até lá, a
Presidência é compartilhada por Brasília, Buenos Aires, Assunção e
Montevidéu. A Venezuela, no entanto, disse estar no comando do grupo.
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