O Porto do Pecém vem recebendo uma série de investimentos destinados a aumentar sua capacidade de operação. A expectativa é que o porto cearense se
torne um ponto de parada dos maiores cargueiros do mundo, tornando-se um
hub (centro de conexões) de contêineres do País a partir da recente ampliação do Canal do Panamá. Os investimentos nas
obras de expansão do complexo portuário somam cerca de R$ 650 milhões,
oriundos do Tesouro do Estado do Ceará e do Bndes (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
As obras estão previstas para serem concluídas em julho de 2017 e incluem
pavimentação e ampliação do quebra-mar, e uma nova ponte de acesso ao
quebra-mar, que vai permitir o trânsito de caminhões para movimentação
de placas da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), além da instalação de
uma correia transportadora para minério de ferro para abastecer a
usina. Segundo o governo, a ampliação irá quintuplicar a capacidade de
movimentação de cargas do Porto.
O Porto aguarda a homologação de dois berços de atracação, que
terão capacidade para receber os maiores cargueiros de contêineres em
operação, chamados de Post-Panamax. A expectativa é de que os berços
estejam aptos a operar em novembro. "Com a homologação, vamos buscar
operadores. Já estamos com negociações avançadas com algumas empresas.
Para 2017, a gente tem uma expectativa de entrar na rota de um grande
armador", disse Rebeca Oliveira, diretora comercial da Cearáportos,
empresa que administra o Porto do Pecém.
Para Heitor Studart, presidente do conselho temático de
infraestrutura da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), a abertura
do novo Canal do Panamá gerou grandes oportunidades para o Estado, mas a
infraestrutura logística cearense, que vai além do Porto, está aquém do
que deveria. "A abertura do (novo) Canal do Panamá vai transformar o
Pecém, que está entre os terminais com as melhores tarifas do Brasil, no
maior hub de transbordo do País", ele diz.
Entretanto, considerando a infraestrutura do Estado, Studart avalia
que é preciso retomar os investimentos no curto prazo, principalmente
nos eixos rodoviário, ferroviário, de energia e saneamento. "Caso
contrário, o Estado perderá novos investidores e mercados". Para ele,
não adianta o Porto ganhar eficiência sem investimentos nas vias de
acesso que permitam o escoamento da produção do Ceará e de outras
regiões do País.
Na avaliação de Studart, o maior obstáculo para o desenvolvimento e
para a competitividade do setor industrial do Ceará é o anel viário, que
ainda não foi concluído. "Quando se fala de anel viário, estamos
falando da ligação entre os portos do Pecém e do Mucuripe", diz.
"Sabemos que o governo federal não tem recursos para esse investimento.
Então a Fiec quer unir forças com o Governo do Estado e a CNI
(Confederação Nacional da Indústria) para solucionar esse problema.
Queremos definir o marco jurídico para conseguir investimentos, porque
não adianta esperar pelo governo federal".
Outro gargalo é a ferrovia Transnordestina, tida como fundamental
para integração regional do Porto do Pecém, e a transposição do Rio São
Francisco e do Cinturão das Águas. "Essas obras precisam ser concluídas.
Esses são os grandes eixos que a gente tem de solucionar no curto
prazo", diz Studart. (BC)
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