O CEO da Mercedes-Benz no Brasil, Phillip Scheimer, afirmou nesta
quinta-feira (18) que ainda não é possível prever uma recuperação do
setor automotivo brasileiro. Para ele, a mudança de cenário não ocorrerá
nos próximos meses, pois deverá obrigatoriamente ser precedida de uma
diminuição nos juros e de uma melhora nas perspectivas gerais da
economia nacional.
"Tendo financiamento mais barato e acessível para as empresas, aí a
gente pode ter um crescimento", disse ele a jornalistas ao chegar à reunião-almoço da Câmara Brasil-Alemanha, em Porto Alegre (RS).
Scheimer evitou comentar os problemas enfrentados pela unidade de
São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que suspendeu a produção de
caminhões e ônibus e começou a demitir trabalhadores.
Questionado, ele ressaltou que não falaria sobre o assunto porque a empresa está em meio a
uma negociação sindical. De acordo com o Sindicato de Metalúrgicos do
ABC, a Mercedes-Benz insiste na necessidade de cortar 2 mil funcionários que
considera excedentes.
O CEO destacou que tanto o mercado de caminhões como o de
ônibus vão amargar, este ano, uma queda que pode chegar a 40%. "Todo
mundo sabe que o Brasil está passando por um momento difícil e o
setor é um dos que mais sofreu. Não achamos que isso vai se
modificar nos próximos meses. Hoje principalmente os juros altos estão
afetando muito os negócios. Se não kouer melhora no
financiamento e no crédito, será difícil ter uma melhora sensível de
mercado", avaliou.
Ele também reclamou da volatilidade do câmbio. De acordo com o
executivo, o problema não é a recente valorização do real, mas a falta
de previsibilidade. "Qualquer câmbio tem vantagens e desvantagens. O que
a indústria precisa é de uma estabilidade", advertiu.
Segundo Scheimer, a boa notícia é que a queda do setor parece ter
estacionado. "Agora achamos um piso. A gente talvez tenha chegado ao
fundo do poço. Mas por enquanto não sentimos uma recuperação", reforçou,
dizendo que não arriscaria prever quando os dias melhores virão. "Isso
depende de reformas que estão se discutindo (no país), que por enquanto
não foram aprovadas. A gente torce para que isso aconteça, mas no
momento infelizmente não podemos dar nenhuma previsão."
Scheimer salientou que o mercado de ônibus está sofrendo bastante.
Segundo ele, o segmento de ônibus urbanos, que foi "razoavelmente bem"
no primeiro semestre, agora está parando por causa das eleições
municipais, e o rodoviário está "sem uma grande movimentação há
muito tempo". Além disso, citou que o segmento de ônibus escolares,
que era promissor, acabou desaparecendo.
"O mercado de ônibus este ano deve ficar em 11 mil unidades
aproximadamente, e três anos atrás ele era de 30 mil unidades", frisou.
"Melhorando o ambiente econômico, acredito que o mercado de caminhões
deve reagir primeiro", concluiu Scheimer.
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