Uma missão empresarial chinesa, formada por duas delegações, visitou o Brasil neste
mês, manifestando interesse em portos, ferrovias e outras infraestruturas de
transporte do país. Caso os contatos se transformem em investimentos, podem ser a solução para baixar construir as obras necessárias para baixar os custos logísticos e reafirmar a recuperação
econômica por meio do comércio exterior.
O correspondente do Journal of Commerce no
Brasil, Rob Ward, que acompanhou os chineses da primeira delegação, revelou que a agenda do
diretor do Shanghai Port Services, Hu Hong Rui, e uma série de outros
líderes de Xangai, que viajaram pelo país com a Mac Logistic, envolve buscar
oportunidades na cidade de Manaus, onde há planos de instalação de um
novo porto que ainda precisa de investimentos, adjacente à área de livre
comércio.
A delegação visitou também o estado do Rio de
Janeiro, onde o Sepetiba Tecon procura compradores dispostos a desembolsar
de R$1 a R$ 1,5 bilhão de reais. Reuniu-se ainda com executivos da
Multiterminais, que, de acordo com fontes do JOC.com, poderia estar
tentando uma parceria com os chineses para financiar a compra do
Sepetiba Tecon.
A segunda delegação reuniu-se com Pedro Taques,
governador estadual de Mato Grosso, e o embaixador chinês no Brasil, Xia
Xiaoling, além de diretores da estatal ferroviária China Railway
Construction Corporation Ltd. O tema da discussão foi o financiamento e
apoio para os R$ 40 bilhões necessários para a construção da ferrovia
Bioceânica que conecta o Atlântico ao Pacífico.
Segundo um
especialista consultado pelo JOC, a probabilidade de a China investir
nos portos seria bastante alta. Mas ressalvou que os investimentos na Bioceânica
soam “de certa forma especulativos”, disse Rob Ward.
Por mais
especulativo que possa parecer, o investimento na ferrovia tem total
apoio do embarcador brasileiro, especialmente aqueles do interior, como
os produtores do Mato Grosso, que ganhariam com o custo reduzido de
transportes e menores transit times para tornar mais competitivas no
mercado internacional a exportação de commodities como a soja, o minério
de ferro, frango, carne e outros produtos. Mato Grosso
é o estado que mais exporta para a China, tendo a soja e a carne como
principais produtos.
Com oito países no alvo das expansões da
exportação brasileira de carne de porco e frango, cinco dos quais
claramente beneficiados pelo projeto ferroviário do corredor bioceânico
(Índia, Japão, Indonésia, Malásia e China) é bastante possível que ele
se torne uma realidade. Entre as empresas beneficiadas estão a BRF
Brasil Foods, JBS SA, Marfrig, Boi Brasil, Seara e Doux Frangosul.
A
construção é um projeto gigantesco, com cerca de 900 quilômetros de trilhos, que
ajudariam a completar os 4,5 mil quilômetros do corredor Bioceânico. O projeto foi anunciado em
um acordo feito entre o Brasil, a China e o Peru no ano passado.
Rob
Ward afirmou que, durante a reunião com o governador do Mato
Grosso, o embaixador chinês disse precisar de total apoio do Estado
para que o projeto siga adiante. O governador garantiu o apoio e prometeu acionar
lobistas em Brasília para mais investimentos, enquanto providencia
estudos técnicos e de viabilidade para o projeto.
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