O governo federal reviu nesta quarta-feira (17) a projeção de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) para 2017 de 1,2% para 1,6%. Já a estimativa para a
inflação medida pelo IPCA no próximo ano foi mantida em 4,8%, anunciou o
secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Carlos
Hamilton, nesta quarta-feira (17).
Para justificar a melhor previsão do PIB para o próximo ano,
Hamilton lembrou o último resultado do IBC-BR, calculado pelo Banco
Central, que registrou alta de 0,23% em junho na margem, após vários
meses de taxas negativas. A inflação ainda ficou acima do centro da meta, de 4,5%. Os
parâmetros servem de base para o Projeto de Lei Orçamentária Anual
(PLOA), que será enviado ao Congresso até o dia 31 deste mês.
"Desde março os mercados começaram a antecipar mudanças e vimos
avanços relevantes em alguns indicadores", afirmou Hamilton, que citou
melhorias no CDS, nas expectativas de inflação, no swap/DI e na Bolsa de
Valores. "Houve progressos relevantes ao longo dos últimos meses e os
mercados são ágeis e reagem rapidamente a novas informações" enfatizou.
O secretário ressaltou que, além da evolução dos indicadores
financeiros, também já há melhora nos indicadores de confiança em
empresários e consumidores. "E no lado real da economia, a produção
industrial já cresce há quatro meses e os indicadores de estoques têm
tido uma leitura mais favorável. As encomendas do comércio e as
importações de bens de capital também têm reagido", comemorou Hamilton.
Segundo o secretário, a divulgação dos parâmetros antecipadamente
reflete a avaliação da Fazenda de que a transparência é uma dimensão
relevante na condução da política econômica. "Buscando melhorar diálogo
com a sociedade, decidimos divulgar antecipadamente parâmetros que vão
nortear o PLOA e esse procedimento será repetido de agora em diante
sempre que prepararmos projetos de orçamento", afirmou.
Hamilton avaliou que as informações que o governo vem
coletando indicam que a atividade econômica no segundo semestre de 2016
terá um desempenho muito melhor que o da primeira metade do ano. "No cenário base já teremos uma taxa de crescimento positiva no
quarto trimestre do ano, na comparação com o terceiro. Teremos uma
leitura positiva do PIB já no quarto trimestre de 2016", afirmou. "Eu
não descartaria a hipótese de que isso aconteça já no terceiro
trimestre, embora isso não apareça nas nossas projeções", completou
citando que essa possibilidade aparece em outras estimativas de mercado.
O secretário disse ainda que "é razoável" que se espere uma
recuperação da arrecadação em momentos de alta da economia, mas não
revelou qual a elasticidade que o governo considera para o incremento
das receitas em 2017 com a alta da projeção do PIB do próximo ano de
1,2% para 1,6%.
Hamilton evitou adiantar qualquer pista sobre a composição as
receitas e despesas para o próximo ano que constarão no Projeto de Lei
Orçamentária Anual (PLOA) de 2017 que será enviado ao Congresso até o
dia 31 deste mês.
"Consideramos que alta do PIB em 2017 venha em grande parte da
absorção doméstica", limitou-se a responder. "No longo prazo a
elasticidade da arrecadação ao PIB naturalmente é de um para um, mas no
curto prazo essa elasticidade em geral depende da composição do
crescimento. No caso de 2017 depende da composição temporal do
crescimento, se estará concentrado no primeiro ou no segundo semestre", explicou. Hamilton confirmou ainda que, para 2016, a estimativa para a queda
do PIB passou 3,1% para 3% e a projeção de inflação medida pelo IPCA se
manteve em 7,2%.
O secretário avaliou que não há incongruência em o governo estimar
uma taxa de crescimento do PIB mais elevada e uma inflação no mesmo
patamar para 2017. "Essas variáveis têm causas distintas, embora haja
quem acredite que um pouco mais de inflação traga um pouco mais de
crescimento. Eu não estou nesse grupo", respondeu, em entrevista
coletiva. "A projeção para inflação está decrescente ao longo do tempo",
completou.
O secretário explicou ainda que as projeções da Fazenda para o IPCA
são diferentes das estimativas do Banco Central porque consideram datas
de corte e ferramentas de cálculo diferentes. Hamilton revelou ainda
que a estimativa da Fazenda sobre a taxa de câmbio para o final de 2016
passou de R$ 3,50 para R$ 3,30. Para 2017, a projeção de câmbio no fim
do ano passou de R$ 3,70 para R$ 3,50.
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