quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Namíbia pode ser polo logístico do futuro na África e atrai empresas como a BRF

         A República da Namíbia apresenta o maior potencial logístico, econômico e político da África. A avaliação é da Thomson Reuters Brasil, em estudo que destaca ainda a posição estratégica do país, um dos mais jovens do continente, junto ao Oceano Atlântico. O especialista em Acordos Internacionais da agência, Marcos Piacitelli, entende que “impulsionada por seus recursos naturais, a economia da Namíbia tem se mostrado estável e atrativa aos investimentos e negociações”.
        O crescimento econômico da Namíbia vem se mantendo consistente ao longo dos anos. “Com exceção apenas de 2009, devido à crise econômica mundial. E seu PIB tem mantido desde 2009, ostenta uma taxa de crescimento perto dos 5%”, diz o executivo da Thomson Reuters.
        O World Bank e FMI (Fundo Monetário Internacional) mostra dados apontando que mesmo que a economia do país seja impulsionada pelos recursos naturais, o setor de serviços tem sido responsável por 60% do total do PIB desde 1990. “Minas, pecuária, pesca, metalurgia e processamento de alimentos são os pilares de sua economia, fazendo com que a indústria seja o segundo responsável com mais de 30% do total do PIB e a agricultura com pouco mais de 6% do total do PIB”, argumenta Piacitelli.
         Agrega ainda como fator positivo, o fato da economia da Namíbia ser muito similar e interconectada com a economia da África do Sul (país vizinho), pelo comércio, investimento e políticas monetárias comuns. Piacitelli destaca que o Dólar Namibiano também está indexado com o Rand Sul-Africano, “o que proporciona benefícios ao país, pois muitas tendências econômicas, incluindo a inflação, são similares às do seu vizinho”.
         Garantindo relações comerciais preferenciais com os principais países do continente, a Namíbia conta ainda, como ressalta Piacitelli, com tratados de livre comércio, e é tambem membro da Área Monetária Comum, União Aduaneira da África Austral (SACU) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

         Na evolução do Comércio Exterior, o especialista comenta que o valor de exportações bem como de importações tem crescido nos últimos anos. “Em 2005 o intercâmbio comercial era de US$ 5,25 bilhões, já em 2013, este fluxo foi para US$ 13,91 bilhões. Com uma balança comercial negativa desde 2009, o que comprova o alto volume de importação”, destaca.
Como principal origem a África do Sul, Botsuana, China e Estados Unidos completam a lista dos principais parceiros representando 60% dessas importações. O Brasil aparece na 18ª posição representando 0,4% do total do ano de 2014. “As exportações brasileiras para a Namíbia cresceram 45% no período de 2010 a 2014, com forte volume de máquinas mecânicas, vestuário, carnes, móveis, entre outros”.

         Segundo dados fornecidos pelo especialista, na composição de pauta de produtos importados pelo país, os automóveis estão no topo da lista com 13,1%, seguidos por Máquinas mecânicas com 11,9%, Combustíveis com 7,8%, Ouro e pedras preciosas com 7,6%, Máquinas elétricas com 6,4%, entre outros.

         De acordo com o especialista da Thomson Reuters, o potencial e o crescimento contínuo do país também tem chamado a atenção de empresas do mundo todo, com destaque para as companhias nacionais que buscam na Namíbia estabelecimento de polo industrial. O motivo ele explica: fator localização geográfica e infraestrutura do país.
         Piacitelli revela que a BRF já é uma das gigantes que está estudando investir no país, transformando a Namíbia em um polo de industrialização e distribuição para os demais países da África. “Isso se deu em uma recente comitiva ao país que ocorreu no mesmo dia em que a União Europeia assinou um acordo comercial com a Namíbia e outros cinco países africanos”, destacou.
         O executivo ressaltou ainda o Corredor Walvis Bay (WBCG - Walvis Bay Corridor Group), um atrativo polo logístico com escoamento para os principais países da África Austral, desde o Porto de Walvis Bay na Namíbia. “Usualmente, as exportações Brasileiras para a África são destinadas à portos como o da África do Sul, devido à diversos fatores, principalmente pelo desconhecimento da potencialidade e da infraestrutura da Namíbia na recepção de cargas internacionais e por questões de custos logísticos. Entretanto, o porto de Walvis Bay, está localizado apenas a 10 dias aproximadamente do porto de Santos e conta com toda uma infraestrutura”, explicou.
         Para ele, a potencialidade do hub logístico da Namíbia, deve ser melhor avaliada pelos exportadores brasileiros, aproveitando as oportunidades proporcionadas pelo país. “O exportador brasileiro necessita escolher o melhor caminho para atingir o atual mercado prioritário entre os países e empresas, a África”, mas destaca que é preciso seguir esta tendência global de investimento no continente “aproveitando as facilidades disponíveis que são provenientes dos acordos de livre comércio com a Namíbia, bem como sua localização geográfica estratégica de poucos dias de rota transatlântica, e toda infraestrutura de escoamento logístico que o país proporciona, pois, dependendo do fluxo de comércio, pode reduzir os custos logísticos consideravelmente para as empresas nacionais”. (fonte: Guia Marítimo e Thomson Reunters Brasil)

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