A Mlog, ex-Manabi, tem um plano de expansão para a Companhia de
Navegação da Amazônia (CNA), comprada do Grupo Libra. O planejamento
prevê ampliar a frota de empurradores e balsas da CNA, uma das
principais empresas no transporte de granel líquido (petróleo, derivados
e óleo de palma) na Amazônia. Outra ideia é utilizar as bases de apoio
da CNA na região Norte do país para prestar serviços de transbordo para
outras companhias, revelou Patricia Tendrich Pires Coelho, presidente e
sócia-controladora da Mlog.
A Mlog assumiu este mês o controle da CNA por valor não revelado. A
CNA tem frota de 18 empurradores e 35 balsas e faturou mais de R$ 80
milhões em 2015. Um dos principais atrativos para a Mlog fechar a compra
da CNA foram as receitas geradas pelo adicional ao frete para a
renovação da marinha mercante, o chamado AFRMM, dizem fontes do setor.
Na Amazônia, o transporte de derivados gera 40% do valor do frete em
termos de AFRMM. O dinheiro vai para conta vinculada à empresa, que pode
usá-lo na construção de embarcações, manutenção da frota e amortização
de dívidas, inclusive no mesmo grupo econômico.
Por essa lógica, a Mlog poderá usar recursos do AFRMM gerados pela
CNA para fazer frente a compromissos da Asgaard Navegação, empresa do
grupo dedicada à navegação offshore, de apoio à indústria de petróleo e
gás, disse uma fonte. A Asgaard comunicou ao mercado este mês que fechou
contrato para a construção de duas embarcações offshore do tipo PSVs,
com 4.500 toneladas de porte bruto. Os dois barcos serão feitos no
Brasil, em estaleiro cujo nome ainda não foi revelado, e serão pagas com
recursos próprios da Asgaard e financiamentos.
A compra da CNA foi fechada via Asgaard. A Mlog já informou, em fato
relevante, que a compra da CNA está "em linha" com o plano de negócios
do grupo. O objetivo da Mlog é comprar ativos maduros, geradores de
caixa, disse Patrícia. A CNA tem 72 anos, sede em Manaus (AM), e, no ano
passado, além do faturamento superior a R$ 80 milhões, gerou R$ 56
milhões de AFRMM. A meta para este ano é atingir faturamento semelhante
ao de 2015, disse Patricia. De janeiro até 31 de julho, a CNA faturou R$
59 milhões, dos quais R$ 18 milhões de AFRMM. Segundo a empresária, a
CNA tem cinco bases de apoio na região Norte: Compensa e Coari, no
Amazonas; Trombetas e Moju, no Pará; e Porto Velho, em Rondônia.
Procurado, o Grupo Libra não quis se pronunciar. No mercado, a
avaliação de fontes é que o grupo, de controle familiar, está passando
por uma reorganização interna, com a venda de ativos não prioritários.
Em maio, o ex-presidente da Libra, Marcelo Araújo, foi substituído por
José Antonio Balau. Na ocasião, a empresa disse que a mudança havia sido
planejada e marcava o início de um novo ciclo de negócios para o Grupo
Libra, com foco em seus negócios prioritários: a operação de terminais
portuários e a logística de comércio exterior. O Libra é controlado
pelas famílias Borges e Torrealba e tem entre seus principais ativos
terminais de contêineres nos portos de Santos e no Rio de Janeiro.
O setor de navegação fluvial, no qual a CNA atua, tem enfrentado
melhor a recessão econômica do que segmentos do transporte marítimo,
como o offshore, que tem sofrido com as dificuldades da Petrobras.
Segundo fontes do setor, tem havido associação entre empresas de
navegação fluvial, sobretudo na área de grãos, e na construção as
encomendas continuam. Em meados deste ano, havia 297 projetos, incluindo
a construção de balsas graneleiras e empurradores fluviais, que somavam
R$ 1,36 bilhão em investimentos. Os projetos contam com aval do Fundo
da Marinha Mercante (FMM), fonte de financiamento de longo prazo para o
setor.
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