O secretário de comércio e serviços do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Marcelo Maia,
afirmou nesta terça-feira (19) que as incertezas políticas não estão
atrapalhando as negociações comerciais do Brasil com mercados
internacionais. Neste momento, a presidente Dilma Rousseff enfrenta um
processo de impeachment no Senado e pode, ainda no mês de maio, ser
afastada do cargo.
"Não temos sentido isso nem das empresas nacionais nem dos outros
governos. Temos uma interlocução grande com o setor privado e o comércio
exterior é utilizado para se desprender um pouco dessas questões
domésticas. E sabemos que a atividade tem potencial, também pela
qualidade das empresas nacionais", declarou.
Maia ressaltou, entretanto, que a política de vendas externas não
deve ser pontual, mas sim permanente. "É importante que estejamos sempre
incluídos na cadeia de valor, porque os ganhos não são meramente
financeiros, mas em tecnologias, tendências, processos, que podem ser
utilizados para a melhoria da atividade interna", explicou Maia,
completando que a retomada do processo de comércio exterior também é
mais trabalhosa e custosa.
Questionado sobre se o câmbio atual prejudica as vendas externas
brasileiras, o executivo disse acreditar que não. "Um câmbio a R$ 3,50
ainda é incentivador. Mas reitero que não podemos ter uma política de
comércio exterior só por conta de câmbio. O comércio exterior não pode
ser apenas uma tábua de salvação transitória. Deve ser política
permanente de empresas e Estado", falou.
Maia participa do 7º Encontro Nacional de Comércio Exterior de
Serviços (ENAServ2016), promovido pela Associação de Comércio Exterior
do Brasil (AEB), com apoio do MDIC e da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de S. Paulo (Fecomercio-SP). Ele representa
o ministro Armando Monteiro, que precisou ficar em Brasília por conta
de agenda.
O secretário comentou que o governo tem trabalhado para aumentar a
corrente de comércio dos segmentos de serviços e comércio. O País é
deficitário (US$ 2,2 bilhões em 2014 somente em serviço), ocupando, em
2014, a 31ª posição em exportações no comércio internacional e 17º em
importador nesse segmento no mesmo ano.
Com os Estados Unidos, o Brasil quer inserir na pauta o comércio
eletrônico, serviços profissionais e logística. "Com o mercado
intensificamos as conversas na relação do País como um todo,
principalmente na padronização. Não há um prazo, mas criamos agenda
permanente com eles. Mas o setor de serviços e comércio tem muito
potencial, porque não possui barreiras como essas", disse. Os mesmos
segmentos estão sendo trabalhados com o México.
Já com o Peru, o MDIC espera que até junho, quando haveria janela
entre o primeiro turno e o segundo turno das eleições no país, seja
assinado o acordo de facilitação de investimentos entre os dois países.
"Aí não é setorial. Mas acredito que os setores de engenharia e
tecnologia da informação são os que têm mais potencial para crescimento
de comércio para com o mercado", informou.
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