O grupo FCA, controlador da Fiat, decidiu que, a partir deste ano, passa a olhar o país como um centro de exportação para
outros mercados, informou nesta quinta-feira, 14, o presidente do grupo
na América Latina, Stefan Ketter, em encontro com jornalistas, um dia
após o lançamento do Mobi, o novo subcompacto da marca italiana. A estratégia foi definida por causa da baixa demanda por veículos no Brasil.
O executivo esclareceu, no entanto, que esta não é uma decisão pensada
para ser provisória ou apenas para aproveitar o câmbio favorável e
driblar o enfraquecimento do mercado interno.
"Queremos ser um País exportador para sempre, é estratégico", afirmou.
"E não só para América do Sul, tem o México, temos potenciais na África,
na Europa e, inclusive, nos Estados Unidos", acrescentou.
Apesar da aposta no mercado externo, Ketter sugeriu que a mudança não será imediata.
"A FCA (no Brasil) não foi uma companhia voltada para exportação nem o
Brasil é um país de exportação. Este é um tema em que temos de ser
agressivos e que temos de construir de uma forma rápida, mas não vai
acontecer da noite pro dia", disse.
De acordo com o executivo, a fábrica construída recentemente em
Pernambuco, que produz os modelos Renegade, da Jeep, e Toro, da própria
Fiat, foi a responsável por abrir os olhos do grupo para o mercado
internacional, em razão do interesse gerado no exterior por esses dois
modelos.
"Tem gente dizendo que precisa do Renegade na África e tem americano me
perguntando por que não levamos o Toro para lá", contou. "Sem isso (a
fábrica), não estaríamos nem na fase de estratégia nem poderíamos entrar
nessa discussão", disse.
Ketter lamentou, no entanto, que o Brasil não tenha se preparado para atender à demanda externa por veículos. "Você olha para os países andinos (Colômbia, Peru e Chile) e percebe que
a importação vem mais dos coreanos e japoneses do que do Brasil.
Estranho, né? A gente está na América do Sul e o Brasil não é um país de
exportação?", questionou.
Ele criticou em seguida que as vendas para o exterior estejam
concentradas na Argentina e afirmou que o Brasil deveria buscar novos
acordos comerciais, de modo a ampliar as possibilidades e reduzir a
dependência da flutuação da taxa de câmbio.
"Aqui no Brasil é assim: quando o dólar está alto, é hora de exportar;
quando o dólar está baixo, é hora de olhar para o mercado interno,
porque não vale a pena exportar. Esse entra e sai não é sustentável",
disse.
O modelo Mobi, lançado ontem pela Fiat, deve fazer parte dessa nova
estratégia de exportação. O grupo pretende destinar cerca de 30% da
produção do veículo no Brasil para o mercado externo.
Os embarques devem começar nos próximos dois meses, tendo a Argentina
como primeiro destino. Depois, ao longo dos próximos 12 meses, as
exportações devem crescer gradualmente, diversificando também os
destinos.
O foco nas exportações pode ajudar a Fiat a reduzir a ociosidade da sua
produção. Hoje, a fábrica de Betim, a maior do grupo no mundo, utiliza
60% da capacidade instalada, de cerca de 800 mil unidades por ano.
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