A Ecoporto Transportes, subsidiária da EcoRodovias responsável pelo
transporte de contêineres do braço portuário do grupo no porto de Santos
(SP), vai encerrar as atividades devido à crise econômica e redução da
demanda de serviços. A empresa vai demitir os 140
funcionários até setembro. Há meses o Ecoporto Santos, o terminal de
cais do grupo, está sem serviço de navegação regular, atendendo apenas
escalas pontuais de carga de projeto.
Em nota, a companhia disse que tem se esforçado para minimizar os
reflexos da crise econômica e que a medida é necessária "para a
manutenção dos demais postos de trabalho das empresas do grupo Ecoporto
Santos", segmento portuário da EcoRodovias que recebe o mesmo nome do
terminal de cais e é composto ainda por um terminal alfandegado, também
em Santos.
O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Santos e
região informou que os motoristas irão acampar no pátio da empresa hoje.
"Vamos discutir na Justiça se não existe mesmo carga. Por lei, o
terminal não pode continuar com serviço de transporte via cooperativa ou
empresa terceirizada", disse o vice-presidente do sindicato, José
Alberto Simões.
O Ecoporto é um dos seis terminais de contêineres do porto de Santos
e, como outros, vem sofrendo perda de volumes. Em 2015 a movimentação no
cais do terminal caiu 55,4% sobre 2014, para 103,8 mil contêineres.
Economia fraca, competição acirrada - com a entrada em 2013 da BTP e
Embraport - e a nova ordem da navegação mundial esvaziaram os terminais
de médio e pequeno portes no Brasil. Cada vez mais os armadores se
associam em grandes consórcios que escalam poucos terminais: apenas os
maiores, que conseguem receber as grandes embarcações, uma tendência da
armação para reduzir o custo operacional.
A média de armadores nos serviços que escalam o Brasil aumentou entre
2010 e 2015, mas o número de serviços caiu, o que mostra a tendência de
concentração das linhas em consórcios. Em 2012, quando a EcoRodovias comprou o terminal, a instalação
respondia por cerca de 16% da movimentação de contêineres do cais
santista. No acumulado do ano até março a fatia estava em 1%. Hoje, quem
realmente disputa o mercado de contêineres em Santos são os três
maiores terminais, Tecon Santos, com 38%; BTP, com 33%; e Embraport, com
21%. A fatia da Libra Terminais vem caindo e está em 7%, assim como a
da Rodrimar, com 0,003%.
A EcoRodovias pagou 8,3 vezes o Ebitda (lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização) do terminal, o equivalente a R$ 1,3
bilhão, por um ativo que já em 2012 era considerado pequeno para o novo
padrão de instalações de contêineres. Em 2015 o Ebitda do Ecoporto foi
negativo em R$ 3,6 milhões e a empresa teve prejuízo de R$ 100 milhões.
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