A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou a Gerdau a
transferir suas próprias ações para realizar o pagamento parcial da
aquisição de participações minoritárias em algumas companhias
controladas, "desde que atingidos os níveis de transparência adequados
com a divulgação". A reestruturação societária foi anunciada em julho do
ano passado gerando questionamentos de acionistas, que consideraram o
valor de R$ 2 bilhões elevado e o anúncio pouco transparente. Os nomes
dos acionistas vendedores das participações, a ArcelorMittal e o Itaú
BBA, não foram divulgados desde o início.
A Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM analisou o
pedido de entrega de ações em tesouraria à ArcelorMittal como parte do
pagamento do negócio. A área técnica concluiu que a Gerdau não fez a
divulgação adequada de informações sobre a transação, mas que a questão
poderia ser sanada com a publicação de informações referentes à parcela
da operação que tem como contraparte a Arcelor.
A lista de informações a serem divulgadas inclui o valor total da
operação, com a separação dos valores que serão pagos em ações e em
dinheiro. Além disso, a siderúrgica terá que informar o porcentual e a
quantidade de ações de cada empresa operacional que foi objeto das
aquisições e o preço pago em cada ação das empresas adquiridas.
A recomendação da SEP, acatada por unanimidade pelo colegiado, é
que a Gerdau explicite os objetivos e os efeitos econômicos esperados da
operação, frente aos valores pagos. O conselho de administração deverá
dizer por que razões seus membros se sentem confortáveis de que a
operação é benéfica para a Gerdau, o que foi questionado por acionistas
minoritários, inclusive junto à CVM.
Segundo a Gerdau informou à CVM, o cálculo do número de ações a
serem dadas em pagamento foi realizado com base na cotação do fechamento
do pregão do dia 8 de julho de 2015, poucos dias antes da deliberação
pelo conselho de administração. Além disso, a companhia destaca que não
houve participação de partes relacionadas na operação.
Para autorizar esse tipo de negociação de ações da própria
companhia, que é excepcional, a CVM afirma que devem estar asseguradas: a
divulgação da operação com níveis de transparência adequados, a
inexistência de beneficiamento de alguma parte envolvida e a definição
dos preços com base em critérios aceitáveis.
Na transação anunciada no ano passado, a siderúrgica gaúcha
adquiriu 4,77% de ações da divisão Gerdau Aços Longos, mais 3,5% da
Gerdau Açominas, outros 2,39% foram adquiridos da Gerdau Ações Especiais
e mais 4,9% da Gerdau América Latina. Com essa operação, passou a deter
99% de participação de suas controladas.
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