O presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, defendeu, na abertura do 7º Enaserv, que discutiu o tema "Oportunidades no Mercado Externo de Serviços", a importância do setor de serviços para o
comércio exterior brasileiro. “É importante destacar que precisamos
transferir o conhecimento do mercado interno para o externo,
principalmente nesse momento que estamos vivendo”, destacou.
Segundo
Castro, o Brasil precisa conhecer seu potencial para desenvolver melhor
esse segmento. “O Brasil ainda desconhece os benefícios das exportações
de serviços, que é muito mais simples do que a exportação de bens”.
Alertou, entretanto, que “as oportunidades não cairão sobre o nosso
colo”.
O vice-presidente da Fecomércio- SP
(Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Rubens Medrano, ressaltou a
importância do upgrade da economia do país que traz “diversidade em
todas as atividades” e enfatizou: “No Brasil a exportação não é um
projeto, é um processo, e a participação da iniciativa privada é de
extrema importância nesse percurso”, observou.
Para ele, após o período
turbulento que o Brasil enfrenta, o setor de serviços vai tomar novo
rumo e impulso, e a iniciativa privada será muito importante nessa
guinada, “assim como a cooperação do governo e das organizações que
apoiam as exportações”. Medrano afirmou também que “nem tudo está perdido; que os desafios que temos pela frente vão ser superados”.
Já Marcelo Maia, secretário de Comércio e Serviços do MDIC
(Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), defendeu
o fortalecimento das exportações de serviços, destacando as ações do
governo para alavancar esse setor. “O setor terciário registrou forte
incremento para a economia brasileira. De 2003 a 2015, as atividades de
comércio de bens e prestação de serviços passaram de 65% para 75%,
segundo o IBGE” (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), contou.
O
setor de serviços sempre esteve atrelado ao comércio exterior crescendo
acima da média mundial. “Porém o Brasil ainda tem participação tímida”,
ressaltou David Barioni, presidente da Apex- Brasil (Agência Brasileira
de Promoção de Exportações e Investimentos).
Em
um cenário geral das exportações mundiais, Guilherme Castanho Franco
Montoro, chefe do Departamento Regional Sul do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social) mostrou dados que apontam que o
valor das exportações mundiais de serviços registrou alta de 133% no
período de 2003 a 2012. Já o Brasil teve aumento de 281%, de acordo com
UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development) e do BCB
(Banco Central do Brasil). “Isso mostra que há expansão para a dinâmica
de crescimento para as exportações de serviços no mercado interno
brasileiro”, disse.
Montoro disse ainda ser importante o estímulo a
fóruns como esse, “porque sem subsídios do setor privado, o interesse, a
vontade e a dinâmica do setor público não serão suficientes para
realizar essa internacionalização”. Destacou, por fim, o compromisso do
banco em contribuir com o setor privado para trazer mais competitividade
para o Brasil “através de práticas e serviços em conjunto com o setor
privado”.
Para ilustrar a
parceria entre os setores público e privado, a Diretora de
Competitividade do Ministério do Comércio, Edna Cesetti, convidou
algumas empresas a demonstrar para o público do Enaserv como foi a
experiência de transferir suas atividades para mercados externos, entre
elas a MK Arquitetura, com forte participação na América Latina, e a
cadeia de restaurantes Giraffas, original de Brasília, DF.
Edna
enfatizou que a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) tem
feito contribuições bastante valiosas, afirmando que o governo, sozinho,
não conseguiria levar adiante tantas iniciativas, de modo que as
parcerias para operações internacionais representam grandes
aprendizados, alinhamento e estratégia de negócios.
Ela destacou também compromisso da Secretaria da Camex com a internacionalização das
atividades brasileiras – ou estabelecimento de empresas no exterior –,
por meio da retomada de um grupo de trabalho que garante às empresas as
condições mais adequadas para trabalhar mercados externos.
Eduardo
Guerra, do Grupo Giraffas, foi um dos exemplos: a empresa possui mais
de 400 unidades franqueadas no Brasil, porém optou por abrir unidades
próprias nos Estados Unidos, e hoje já ostenta um total de R$ 860
milhões de faturamento. Guerra afirma que “o MDIC e a Apex foram
parceiros importantes em todo o processo”, e conta que, entre decidir
pela internacionalização e abrir a primeira loja no exterior, 5 anos se
passaram, envolvendo muito estudo, pesquisa e até o envio de executivos
para conhecer a cultura local.
“Tínhamos de assimilar novos conceitos,
novos fornecedores, planejamento tributário, societário, fiscal, e
gasta-se tempo nessa fase do planejamento”, conta o executivo, que diz
ter ficado satisfeito com o apoio do governo, especialmente por meio da
Apex, que não apenas forneceu dados e realizou pesquisas como
praticamente adotou a empresa, que ficou quase um ano instalada no
escritório da Apex nos EUA.
Eduardo
Guerra reconhece que a operação americana já trouxe muito conhecimento
para as unidades da empresa no Brasil: “tem ocorrido a importação de
tecnologia, o que nos ajuda a sermos mais eficientes na operação
brasileira”, concluiu.
A opção pelos
Estados Unidos, segundo Guerra, deu-se pela possibilidade de aprendizado
diante do maior mercado consumidor mundial, onde estão estabelecidos os
maiores players de desenvolvimento de tecnologia – e pela capacidade de
expansão. “Se aprendêssemos a lidar com um mercado daquele porte,
estaríamos preparados para o mundo”, afirma Guerra.
“Nosso operador de
logística (SYSCO), um dos maiores do mundo, foi capaz de desenvolver
absolutamente tudo de que precisávamos para o desenvolvimento de
produtos no nosso segmento de restaurantes, e isso foi fundamental para a
abertura nos EUA", argumentou.
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