O setor siderúrgico fechou 2015 com um volume recorde de exportações,
revelando o esforço das companhias para driblar a fraca demanda no
mercado doméstico. Os embarques de aço somaram 13, 7 milhões de
toneladas, alta de 40,3% em relação ao ano anterior, segundo dados
inéditos do Instituto Aço Brasil. Mesmo enviando mais toneladas para
fora do País, as usinas amargaram um recuo de 3,3% na receita com vendas
ao exterior, para US$ 6,6 bilhões. Isso indica que a estratégia de
recorrer ao mercado externo para desovar estoques e evitar a paralisação
de equipamentos pode ter pouco fôlego.
De acordo com o Aço
Brasil o salto no montante vendido fora do País reflete, principalmente,
operações entre companhias para fornecimento de produtos semiacabados a
usinas na Europa e nos EUA, e, também, ações emergenciais do setor para
evitar redução ainda maior do grau de utilização da capacidade
instalada.
Em meio à recessão econômica, o setor registrou em
2015 queda de 16,1% nas vendas ao mercado doméstico em 2015. Foram 18,2
milhões de toneladas vendidas, volume 6,2 milhões inferior ao recorde
histórico de 2013. A produção de aço bruto somou 33,2 milhões de
toneladas em 2015, retornando ao patamar de 2010. Ao fim do ano as
siderúrgicas operavam a 68,7% de sua capacidade, abaixo da média global.
A
estratégia de resistência via exportação tem esbarrado no excedente de
700 milhões de toneladas de aço no mundo e na feroz competição com o aço
chinês, que derrubou os preços do aço no mercado internacional. Diante
do ganho marginal com os embarques, algumas companhias já recuaram. Um
exemplo é a Usiminas, que optou por desativar a fabricação primária de
aço na usina de Cubatão (SP), voltada à exportação. A situação
financeira da companhia é considerada preocupante.
"Quando você
tem um resultado negativo (em dólares) significa que só está exportando
para não parar máquinas e manter empregos. Não há como continuar
embarcando volumes expressivos sem margem", diz o presidente executivo
do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.
A
ArcelorMittal Brasil exporta hoje 60% de sua produção, ante 20% em 2013.
Em julho de 2014, a siderúrgica religou o alto-forno 3 da usina de
Tubarão, em Vitória (ES), retomando a capacidade plena de produção de 7
milhões de toneladas anuais de planos. "Estamos exportando tudo que não
conseguimos vender no mercado interno, mas a margem é praticamente
zero",diz o presidente da companhia no País, Benjamin Baptista Filho. As siderúrgicas vêm pedindo ajuda ao governo. Um dos pleitos é o aumento da alíquota do imposto de importação de aço.
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