O programa
ambiental desenvolvido pela TCP (Terminal de
Contêineres de Paranaguá) contempla em seu conjunto, o monitoramento das atividades
e comportamentos de botos na região da baía de Paranaguá. O monitoramento de
pequenos cetáceos, como são classificados os mamíferos, tem como objetivo
entender de que forma as atividades do Terminal influenciam a vida dos animais,
que utilizam a baía para se alimentarem, reproduzirem e cuidarem dos seus
filhotes.
O monitoramento
integra o processo de licenciamento ambiental da TCP junto ao IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis). “O objetivo é acompanhar a distribuição dos
botos na baía para entendermos se as atividades desenvolvidas pela TCP
influenciam a forma como eles ocupam a região. A intenção é prever possíveis
impactos na comunicação sonora destes animais”, explica Juarez Moraes e Silva (foto),
diretor Superintendente Comercial da TCP.
A baía de Paranaguá
é ocupada pelo boto-cinza (Sotaliaguianensis),
uma espécie vulnerável e que integra a lista das espécies brasileiras ameaçadas
de extinção. De acordo com a bióloga Sara Pontes, responsável por este projeto
de monitoramento ambiental da TCP, essa é uma espécie pouco conhecida e
ameaçada por diferentes fatores como pesca acidental, poluição, acidentes com
embarcações e degradação ambiental.
O programa prevê
diferentes métodos de monitoramento, como a observação em ponto fixo, com a
utilização de binóculos, e a observação em transectos. No primeiro método, a
equipe responsável pelo monitoramento descreve o tamanho dos grupos dos
mamíferos, o padrão de comportamento que exibem e os locais que ocupam, além da
sua variação ao longo do dia. “São oito horas de monitoramento, uma vez por
semana”, explica Sara.
No segundo método,
os pesquisadores percorrem transectos pré-definidos com uma embarcação e ao
longo do caminho descrevem os mesmos parâmetros observados. Esse método é
realizado a cada três meses. É realizado, ainda, o
monitoramento do ruído subaquático. “São realizadas gravações com hidrofone e
gravador digital em nove pontos diferentes da Baía de Paranaguá, com objetivo
de monitorar a pressão sonora aos quais os botos estão expostos, visto que eles
dependem bastante da bioacústica para seu comportamento”, esclarece a bióloga.
O programa ocorre
desde 2013 e mostra que não houve mudança aparente na vida dos botos neste
período. Entre os principais resultados, o estudo aponta que o boto-cinza,
única espécie de mamífero registrada na área de estudo, está concentrado
próximo –as:ilhas, margens e áreas de baixa profundidade. “São locais com alta
variabilidade de ambientes, o que beneficia os cetáceos na busca por comida”, explica
Sara.
Já a caracterização
acústica mostra que a baía de Paranaguá é um ambiente com grande intensidade de
ruídos antropogênicos (sons de origem humana), principalmente, os de baixa
freqüência. “A presença destes animais em comportamento de pesca na área
portuária demonstra que, mesmo nas áreas com as maiores perturbações acústicas,
os animais ainda mantêm a sua capacidade de ecolocalização. A ocorrência da
espécie nessas áreas indica que o boto-cinza, neste estuário, apresenta um
nível de tolerância ou habituação à perturbação antrópica”, finaliza.
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